Bola dividida no Copom: corte da Selic, voto dos dirigentes do BC, balanços 1T24 e outras notícias que agitam o mercado
Se a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de cortar os juros em 25 pontos-base ocorresse em um jogo de futebol, ela seria aquele lance polêmico que alimenta horas, às vezes dias, de discussões acaloradas.
Até aqui, tudo bem. A maior parte acertou em cheio na análise. Além de reduzir o ritmo dos cortes, o Copom endureceu o comunicado, mencionando incertezas internas e externas, e abandonou o chamado forward guidance, por meio do qual buscava antecipar seus próximos passos.
Outra parte, porém, acreditava que o Copom manteria o ritmo de cortes em 50 pontos-base, o que levaria a Selic a 10,25% ao ano.
Não rolou, mas foi por pouco. O placar da votação foi apertadíssimo. Dos nove diretores participantes, cinco votaram pelo corte de 25 pontos-base e quatro defenderam um corte de 50.
Além disso, o placar dividiu-se em linhas claras. Os diretores mais antigos votaram pelo corte mais modesto, alinhados com o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Já os quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva votaram por um alívio maior nos juros. Isso inclui os dois principais candidatos à sucessão de Campos Neto.
Os dois lados têm lá suas razões. Os mais conservadores querem fazer tudo o que estiver ao alcance para domar de uma vez por todas o dragão da inflação. Os mais heterodoxos tentam evitar que os juros altos comprometam o crescimento econômico.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que acumula a função de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, queria uma revisão do lance no VAR. Para ele, o ritmo do corte de juros “precisa ser maior, sem hesitações”.
Aos ouvidos do mercado financeiro, porém, a divergência no Copom soa como o prenúncio de um ajuste. E isso não parece bom. Os investidores tendem a se alinhar com uma leitura mais ortodoxa da situação.
Com Roberto Campos Neto em fim de mandato e dois diretores a serem trocados mais adiante, o placar dividido desponta como o prenúncio de que as próximas indicações de Lula ao BC levarão à formação de colegiado supostamente mais leniente com a inflação em um futuro não muito distante. A ver.
O fato é que, por hoje, é improvável o surgimento de resultado corporativo, balança comercial da China ou decisão de juros do BoE (o banco central da Inglaterra) capaz de impedir uma correção no Ibovespa, no dólar e nas taxas projetadas dos juros.
O que você precisa saber hoje
CAIU MAIS
Quanto rendem R$ 100 mil na poupança, no Tesouro Direto e em CDB com a Selic em 10,50%? Banco Central cortou a taxa básica em apenas 0,25 ponto percentual na quarta-feira; veja como a rentabilidade dos investimentos conservadores deve reagir.
BALANÇO
Casas Bahia (BHIA3) tem prejuízo menor no 1T24: as perdas somam R$ 261 milhões no período; confira os números da varejista. A expectativa era de que a companhia registrasse um prejuízo líquido de R$ 375 milhões, segundo a média das projeções compiladas pela Bloomberg.
GRACIAS, HERMANOS!
Banco do Brasil (BBAS3): lucro atinge R$ 9,3 bilhões no 1T24 com “ajudinha” de Milei e vem acima do esperado. Lucro do Banco do Brasil aumentou 8,8% em relação ao primeiro trimestre do ano passado; veja os destaques do balanço.
O FMI MANDOU AVISAR
Um perigo à espreita: como EUA e China podem colocar a economia mundial em risco — de novo. Gita Gopinath diz que acontecimentos como a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia perturbaram as relações comerciais globais de uma forma nunca vista desde a Guerra Fria e mais pode estar por vir.
Um boa quinta-feira para você!