BoJ controla agora quase 70% dos títulos de 10 anos no mercado
O Banco do Japão aumentou o volume de títulos de 10 anos do país sob seu controle para quase 70% como parte dos esforços para frear os rendimentos, medida que ao mesmo tempo ameaça ainda mais a liquidez em declínio.
O banco central havia elevado a proporção de títulos de 10 anos em mãos da instituição para 67% até a sexta-feira passada em relação a 55% em dezembro, mostram dados compilados pela Bloomberg.
Com a ausência da dívida restante, o título de referência ficou sem ser negociado por quatro dias até quarta-feira, o período mais longo em mais de duas décadas.
O BoJ intensificou as compras de dívida nos últimos meses em meio à onda de vendas de títulos globais. Desde junho, o banco central tem feito ofertas para comprar diariamente uma quantidade ilimitada de dívida atrelada a contratos futuros de 10 anos e disse que planeja adquirir mais de 2 trilhões de ienes (US$ 13,6 bilhões) em títulos de 5 a 10 anos mensalmente entre outubro e dezembro.
“O controle da curva de juros do BoJ e a política de limitar os rendimentos de 10 anos em 0,25% por meio de compras ilimitadas de prefixados têm reduzido a liquidez em meio às expectativas de aumento dos ‘yields’ globais”, disse Naomi Muguruma, estrategista-chefe de renda fixa do Mitsubishi UFJ Morgan Stanley Securities, em Tóquio. “Os players do mercado teriam incentivo para negociar apenas se pudessem ver os rendimentos de 10 anos caindo abaixo de 0,25%”.
O título de referência foi negociado pela primeira vez em uma semana na quinta-feira, cerca de seis horas após a abertura do mercado. O rendimento se manteve em 0,245%, logo abaixo do teto do intervalo aceito pelo BoJ.
O Japão não é o único mercado de títulos onde os níveis de negociação têm encolhido. A menor liquidez resultante da preocupação com a aceleração da inflação e dos aumentos das taxas de juros por bancos centrais também leva a uma distorção das curvas de juros nos EUA, Reino Unido e Itália.
O BoJ tenta resolver a questão da redução da liquidez ao facilitar a traders o financiamento dos chamados títulos “cheapest to deliver”(CTD), ou seja, dívida mais barata entregue em um contrato futuro para uma posição comprada com o objetivo de satisfazer especificidades do contrato. Isso permite que mais investidores detenham os títulos, que normalmente são usados em negociações de arbitragem entre os chamados cash bonds e futuros.
No longo prazo, porém, apenas um afrouxamento do controle do BoJ sobre o mercado de títulos levará a uma melhoria sustentável nos níveis de negociação. O banco central japonês pode dar ao mercado algumas evidências de suas intenções no longo prazo em sua próxima decisão de política monetária em 28 de outubro, quando também divulgará previsões atualizadas para inflação e crescimento.
“A especulação de um ajuste no controle da curva de juros pode aumentar novamente entre investidores estrangeiros antes da reunião do BoJ neste mês”, escreveu em nota Chotaro Morita, estrategista-chefe de juros da SMBC Nikko Securities, em Tóquio. “Os títulos do Japão podem sofrer grandes oscilações de preço novamente em meio à pouca liquidez.”
Os cálculos da Bloomberg para a quantidade de títulos de 10 anos em posse do BoJ são baseados em dados para a dívida de 10 anos subjacente aos futuros de mesmo prazo. Cerca de 28% dos títulos de 10 anos estavam originalmente atrelados aos futuros, com base nos cálculos da Bloomberg. O BoJ também possui títulos de 10 anos não vinculados a futuros.
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