Boi: sem exageros, produtores estão mais otimistas que o Mapa para janeiro
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) imagina que a carne bovina manterá a perda do ímpeto de alta no primeiro mês do ano, com o mercado mais equilibrado entre demanda e oferta, mas sem mencionar a sazonalidade do varejo cair. Do mesmo modo, não lista a situação da China em janeiro com relação às importações.
Enquanto o comunicado, de ontem (30), foi mais uma tentativa de mostrar à opinião pública que não há risco de inflação, via preços da carne – destacando a queda de 28% da proteína e de 15% da @ em dezembro – agentes do mercado não estão tão “pessimistas” assim. Acham que há espaço para a @ subir um pouco mais em janeiro, sem exageros, mesmo reservando certa dependência quanto ao apetite chinês.
O produtor Juca Alves, de Barretos (SP), vê que a oferta é pequena, os confinamentos estão com volumes baixos e animais de pasto demorarão pelo menos mais 30 dias para começarem a entrar em quantidade maior. Tudo isso, segundo diz, anulará uma queda no consumo interno, tradicional com a ressaca dos gastos de fim de ano, férias e as despesas esperadas para fevereiro (volta às aulas, IPTU etc).
Ele vendeu um lote de bois a R$ 198,00 e de vacas “pesadas” a R$ 190,00 ao Firgorífico Olho D’Água, de Ipuã, que vai ser abatido na sexta (3). E com o Cepea/Esalq desta segunda, que subiu 4,07%, indo a R$ 206,95, em São Paulo, ele acredita em exemplo de fôlego, principalmente porque os grandes frigoríficos estão parados e voltarão a originar animais.
Praticamente é a mesma percepção de Marcos Jacinto, de Canarana (MT). Apesar de estar sem bois para vender, o pecuarista também acredita em oferta muito ajustada, sem sobras, e volume maior não antes de fevereiro. “E sem fêmea de descarte”, argumenta, além de destacar que pelo ciclo dos pecuaristas que engordam em 2 a 2,5 anos, sempre há um buraco neste período.
“Também falta animais padrão China”, completa.
Mais categórico em relação ao papel das importações da China é Marco Garcia, de Três Lagoas (MS). Se permanecer o esfriamento dos embarques, como em dezembro, bem como seguir a pressão contra os preços praticados e a recusa dos importadores do país pagarem a caução que vigorava nos contratos, o pecuarista pensa que deverá haver estabilização.
Nem como foi em novembro, especialmente, com altas expressivas, nem como foi até setembro, com preços deprimidos.
E não adianta segurar para fevereiro. De acordo com Garcia, ex-presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas, é “aprontar (os animais) e vender”, fracionando as vendas.