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Boi gordo vira o jogo no 4º trimestre: preços devem subir com queda nos abates

08 out 2025, 13:04 - atualizado em 08 out 2025, 13:13
boi gordo exportações
(Foto: Money Times)

O mercado de boi gordo inicia o quarto trimestre de 2025 em um momento de transição. Após meses de intensa atividade nos confinamentos, os preços sentiram o impacto do elevado volume de abates, especialmente nos estados mais tecnificados como Mato Grosso (MT), Goiás (GO) e São Paulo (SP).

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No entanto, com o encerramento da safra de confinamento, espera-se um ajuste na oferta, criando espaço para uma valorização gradual das cotações até o fim do ano.

Fundamentos Estruturais Positivos

O Brasil continua a se destacar no comércio global de carnes, sustentado por uma demanda internacional firme e pela reorganização dos fluxos comerciais após o aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos. A redireção das exportações para mercados como China, México e Rússia reforça a resiliência do setor diante de barreiras externas.

Vale destacar, igualmente, a materialização de uma das nossas hipóteses de julho, a saber, a “triangulação” da carne brasileira que tem entrado nos EUA através de países como Paraguai e Argentina.

A crise sanitária provocada pelo surto de bicheira (“New World Screwworm” – NWS) no México adiciona complexidade e oportunidade ao cenário. A ameaça ao rebanho norte-americano pode aumentar a dependência mexicana das importações brasileiras, fortalecendo o papel do Brasil como fornecedor estratégico em um mercado global mais restrito.

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Dinâmica de Preços e Abates

Durante setembro, os preços do boi gordo sofreram pressão de baixa, reflexo do elevado número de abates, especialmente de animais confinados. MT, GO e SP registraram as maiores quedas, enquanto o Mato Grosso do Sul (MS) manteve um prêmio em relação à praça de SP. No Pará (PA), os preços permaneceram estáveis pelo segundo mês consecutivo.

Os abates totais atingiram 10,8 milhões de cabeças no terceiro trimestre, o maior volume desde o início da série histórica. Apesar disso, o abate de fêmeas caiu para 4,8 milhões, abaixo dos 5,3 milhões registrados no segundo trimestre. Em abril, pela primeira vez desde 1997, o abate de fêmeas superou o de machos.

A média diária de abates federais de machos cresceu desde abril, enquanto a de fêmeas caiu até setembro, atingindo o menor nível do ano. Com a lotação dos confinamentos atingindo o pico em outubro, é possível que os abates diminuam até o fim do ano, favorecendo uma recuperação de preços.

Concentração Regional e Confinamentos

MT liderou os abates com inspeção federal no terceiro trimestre, seguido por GO, MS, RO, SP e PA. Segundo o Censo de Confinamento da DSM-Firmenich, o Brasil deve registrar 8,5 milhões de cabeças confinadas em 2025, representando 24% do total de abates estimado pelo USDA. O MT concentra 2,1 milhões dessas cabeças, seguido por SP (1,3M), GO (1,1M) e MS (0,96M).

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Exportações em Alta

O ano de 2025 tem sido excepcional para a carne bovina brasileira. Todos os meses até agosto registraram volumes e receitas superiores aos de 2024, que já havia sido um ano recorde. A receita acumulada até agosto chegou a aproximadamente US$ 10 bilhões, contra US$ 8 bilhões no mesmo período de 2022.

O preço médio de exportação também se recuperou, alcançando US$ 5,21/kg – o segundo maior desde 2018, atrás apenas de 2022 (US$ 5,91/kg). O “tarifaço” dos EUA sobre a carne brasileira reduziu os embarques para aquele país, mas abriu espaço para novos destinos, como China, Filipinas, Rússia e México.

Impactos do Surto de Bicheira no México

Em 21 de setembro, foi confirmado um novo caso de NWS em Sabinas Hidalgo, no estado de Nuevo León, México, próximo à fronteira com os EUA. O USDA considera o controle da praga uma prioridade de segurança nacional, mantendo a fronteira fechada para importações de gado mexicano desde maio.

A entrada da NWS no Texas poderia ter efeitos devastadores sobre o rebanho norte-americano. O histórico de surtos entre 1970 e 1975, especialmente em 1972, serve como alerta. A atual crise sanitária pode alterar significativamente os fluxos globais de carne bovina, com o Brasil se consolidando como fornecedor-chave.

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Análise Técnica – BGI V25

O contrato futuro do boi gordo (BGI) tentou romper a resistência em 326,55, mas perdeu força ao encontrar a média móvel de 200 períodos. Após cair cerca de 11% desde o topo, encontrou suporte em 307,81. A superação de 313,28 pode sinalizar retomada da alta, enquanto nova perda de 307,81 reforçaria o viés de baixa.

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Analista do BTG Pactual
Jean Miranda é economista pela Universidade de Campinas (Unicamp), com formação complementar em Geopolítica pelas universidades Sorbonne (2016-2017) e Sciences Po (2017-2018). Hoje é responsável pela pesquisa em Commodities Agrícolas para o público de varejo do BTG e no passado trabalhou na área de controladoria das mesas de trading proprietário do banco.
jean.miranda@autor.www.moneytimes.com.br
Jean Miranda é economista pela Universidade de Campinas (Unicamp), com formação complementar em Geopolítica pelas universidades Sorbonne (2016-2017) e Sciences Po (2017-2018). Hoje é responsável pela pesquisa em Commodities Agrícolas para o público de varejo do BTG e no passado trabalhou na área de controladoria das mesas de trading proprietário do banco.
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