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Boi: China e EUA estão antecipando compras de carne do Brasil para não pagar mais caro ‘amanhã’?

17 ago 2024, 10:00 - atualizado em 16 ago 2024, 16:17
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A China se destacou como o principal destino da carne bovina brasileira, respondendo por mais da metade das exportações em julho (Foto: iStock.com/ribeirorocha)

O mês de julho representou exportações robustas para o agronegócio brasileiro, atingindo US$ 15,44 bilhões, um novo recorde para o mês e marcando o maior valor exportado no ano até agora. Entre os destaques, esteve o desempenho para carne bovinaatingindo US$ 1,14 bilhão, um aumento de 34% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

O volume exportado também foi recorde, com 265,7 mil toneladas, refletindo um crescimento de 43,9% em comparação a julho de 2023. A China se destacou como o principal destino da carne bovina brasileira, respondendo por mais da metade do volume exportado, seguida pelos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e Filipinas. 

No Brasil, o ciclo negativo de preços do boi parece estar atingindo seu fundo, com diversos analistas apontando para uma inversão do ciclo de preços do boi já em 2025. Com isso, surge a dúvida, será que os principais clientes da carne bovina brasileira estão antecipando suas compras para não pagarem mais caro lá na frente?

China, EUA e outros países tem antecipado comprar de carne bovina?

Segundo o analista de proteína animal do Rabobank, Wagner Yanaguizawa, há um cenário de antecipação de compras, principalmente por parte da China, já que há uma expectativa para um aumento dos preços no Brasil já no segundo semestre deste ano, assim como pela desvalorização do real frente ao dólar entre junho e julho, que deve arrefecer até dezembro de 2024

“Nós estamos projetando o dólar em R$ 5,20 em dezembro 2024. Então estrategicamente faz sentido essa antecipação, até porque eles já tem o feriado da Golden Week em outubro e precisam de fato se posicionar em termos de compras considerando o tempo de cerca de 40 dias para chegar a carga brasileira até a China”, diz.

Yanaguizawa aponta que os EUA têm elevado de forma significativa as compras do Brasil mesmo com a incidência da tarifa de 26,4%, após atingir a cota em meados de fevereiro de 2024, basicamente porque os níveis de demanda para carne bovina lá estão muito altos, nos últimos dez anos só não está menor do que 2022 e mesmo com a forte escalada de preços da carne bovina no mercado local.

Já os Emirados Árabes Unidos (EAU) têm elevado as compras do Brasil para direcionar parte dessa carga para o Irã, modelo que a Turquia também tem seguido elevando as compras do Brasil. As Filipinas também têm elevado fortemente as compras do Brasil, uma por conta do acordo de pre-listing firmado esse ano e outra porque a situação da PSA (Peste Suína Africana) lá está bem complicada.

Embarques vão crescer no 2S24?

Com relação às exportações no segundo semestre, o analista não espera ver grandes aumentos, principalmente por conta da China que não tem projeções de grandes aumentos de consumo esse ano, mas que devem se manter sustentadas pois sazonalmente, esse é o período que os chineses mais importam, por conta do feriado da Golden Week e do festival da primavera no início do próximo ano.

“Os estoques locais também reduziram um pouco, o que deve ser outro fator para manter a demanda por parte dos importadores chineses. Considerando que a China importou do Brasil 1,2 mi de toneladas em 2023, e até julho deste ano já foram exportados 686 mil toneladas, então se o ritmo se manter é possível igualar o volume recorde que foi vendido ano passado.”

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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo.
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