‘Boi China’ deve exercer mais pressão sobre os preços do animal no Brasil; entenda
Com a habilitação de novos frigoríficos para a China, o Brasil agora conta com 65 abatedouros aptos para exportar carne bovina ao gigante asiático.
Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), isso evidencia que a China quer mais carne brasileira e, para atender, as empresas vão precisar de mais animais. Motivados pelo potencial aumento da demanda e por preços diferenciados, pecuaristas também tendem a ampliar seus rebanhos direcionados a este mercado.
Dessa maneira, segundo o Cepea, é possível que haja um aumento da procura por boi China nas próximas semanas, inclusive em regiões onde esta segmentação não era vista por falta de frigoríficos habilitados. Produtores respondem rápido a estímulo de preço, devendo iniciar e intensificar investimentos para obter animais para abate com idade de até 30 meses.
De acordo com Hyberville Neto, analista da HN Agro, as habilitações devem implicar em um maior volume exportado para China. “As compras totais não devem crescer muito em 2024, segundo o USDA. Por outro lado, essas habilitações devem implicar em um aumento da participação do Brasil no mercado chinês. Quanto aos preços do boi, não vejo uma grande mudança acontecendo, a não ser que aconteça uma redução de oferta, ainda que isso ajude”, avalia.
Em relação aos preços de exportações, Neto enxerga que essa abertura não deve necessariamente resultar em uma melhora. “Os preços podem até ser impactados negativamente, já que a China terá um maior número de fornecedores, com os frigoríficos menores que entram podendo fortalecer o poder de compra dos chineses”, completa.
A abertura das plantas, segundo Neto, pode resultar em uma diminuição da participação de São Paulo e Mato Grosso exportado para a China. “As plantas habilitadas foram bem distribuídas geograficamente. Agora que temos mais frigoríficos habilitados Brasil afora, isso pode beneficiar outras áreas”, conclui.