Aviação

Boeing: Relatório lista design como fator em queda do 737 Max

25 out 2019, 13:23 - atualizado em 25 out 2019, 13:24
Falhas de design e de certificação por autoridades reguladoras dos EUA foram alguns dos problemas encontrados por investigadores (Imagem: Divulgação/Boeing)

Investigadores da Indonésia encontraram diversos problemas e erros envolvidos no acidente fatal da Lion Air no ano passado, incluindo falhas de design no 737 Max da Boeing, falhas de certificação por autoridades reguladoras dos EUA e erro do piloto.

Em um relatório bastante aguardado e finalmente divulgado na sexta-feira, o Comitê Nacional de Segurança do Transporte listou suas conclusões a respeito do desastre e recomendações à Boeing, à Lion Air e a autoridades de aviação nos EUA e na Indonésia. Boa parte do relatório se concentra no recurso de controle de voo chamado Sistema de Aumento de Características de Manobra (MCAS, na sigla em inglês), que também foi implicado em um acidente da Ethiopian Airlines, em março.

A extensão das críticas dos investigadores à Boeing pode aumentar a pressão para os órgãos reguladores intensificarem as exigências para o avião que é campeão de vendas da fabricante americana, mas agora está no centro de uma de suas piores crises e abalou a credibilidade do órgão regulador da aviação nos EUA.

O presidente da Boeing, Dennis Muilenburg, que perdeu o comando do Conselho de Administração este mês, enfrentará questionamentos de parlamentares em Washington na semana que vem.

O 737 Max foi proibido de voar logo após o acidente na Etiópia, custando à Boeing US$ 9,2 bilhões e atrapalhando as perspectivas da empresa sediada em Chicago. A Boeing garante ter feito progresso significativo para que o 737 Max volte a operar, mas nenhuma data foi definida.

A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) afirma que as recomendações do relatório são bem-vindas e serão cuidadosamente consideradas quando o órgão fizer a reavaliação do 737 Max. “A aeronave retornará ao serviço somente depois que a FAA determinar que é seguro”, afirmou a porta-voz Lynn Lunsford em comunicado.

Minutos após decolar em direção a Pangkal Pinang na manhã de 29 de outubro, o voo 610 da Lion Air mergulhou no Mar de Java, matando todas as 189 pessoas a bordo. Foi o segundo maior desastre aéreo na história da Indonésia, depois de um acidente perto de Medan que matou 234 pessoas em 1997.

Durante os testes, a Boeing decidiu que falhas no funcionamento do MCAS não eram suficientemente graves para merecer uma análise mais rigorosa, que poderia ter identificado problemas significativos no design, de acordo com trechos do relatório aos quais a Bloomberg teve acesso. Segundo o estudo, a Boeing também presumiu erroneamente que a tripulação seria capaz de lidar corretamente com falhas de funcionamento em três segundos, mesmo sem saber da existência do sistema de controle de voo.

“A tripulação deveria ter sido informada sobre MCAS e ter ciência do sistema, o que aumentaria suas chances de atenuar as consequências”, afirma o relatório. “O treinamento da tripulação teria dado suporte ao reconhecimento de situações anormais e a medidas apropriadas pela tripulação.”

A Boeing nunca considerou o cenário que ocorreu com o avião da Lion Air, em que o sistema de controle foi acionado várias vezes, empurrando a aeronave para baixo (Imagem: Divulgação/Boeing)

Durante os testes em simuladores, a Boeing nunca considerou o cenário que ocorreu com o avião da Lion Air, em que o sistema de controle foi acionado várias vezes, empurrando a aeronave para baixo. A tripulação da Lion Air reagiu diferentemente do que a Boeing previa, de acordo com o relatório.

Os investigadores indonésios também ressaltaram problemas no processo de certificação do 737 Max, alegando que a fabricante não apresentou a documentação necessária e que a FAA não supervisionou o design geral de maneira adequada.

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