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Boeing: O pior da crise com o 737 Max ainda não passou

21 out 2019, 18:55 - atualizado em 21 out 2019, 18:55
No momento em que os investidores esperavam ver uma retomada dos voos após o modelo ser proibido de operar em todo o mundo desde 13 de março, o processo repentinamente ganhou complexidade (Imagem: Divulgação Boeing)

Por Haris Anwar/Investing.com

Para a Boeing (BA), maior fabricante de aeronaves do mundo, o pior está longe de acabar. Uma avalanche de notícias negativas sobre a forma como a companhia está lidando com a falha do sistema do 737 Max está deixando a relevância dos seus resultados de lado e mantendo os investidores apreensivos, à medida que as investigações internacionais continuam.

No momento em que os investidores esperavam ver uma retomada dos voos do 737 Max após o modelo ser proibido de operar em todo o mundo desde 13 de março, o processo repentinamente ganhou complexidade depois que o Wall Street Journal revelou, na semana passada, que um piloto sênior da Boeing já tinha demonstrado preocupação com o sistema de controle de voo do 737 Max há três anos, mas a companhia só alertou as autoridades federais em 2019.

A aeronave de fuselagem estreita era a maior aposta da gigante aeroespacial em uma batalha acirrada com seus concorrentes, mas sua jornada foi estrondosamente interrompida neste ano, depois de dois acidentes fatais envolvendo a aeronave em um espaço de tempo de apenas cinco meses.

Enquanto o Max continuar proibido de voar, será difícil saber a extensão do dano para a reputação da companhia e sua perspectiva financeira. Há muitas questões em jogo tanto para a Boeing quanto para a economia dos EUA.

O 737, que iniciou suas operações no final da década de 1960, é o modelo mais vendido da indústria da aviação e a principal fonte de receita da Boeing. A versão Max reprojetada teve tanto sucesso que recebeu mais de 5000 pedidos que totalizaram mais de US$ 600 bilhões, incluindo aviões que já foram entregues.

Mas o retorno comercial do avião mais vendido da Boeing teve vários tropeços e é pouco provável que aconteça antes do início de 2020. Os atrasos já custaram à fabricante de aviões pelo menos US$ 8,4 bilhões até o momento, de acordo com a Bloomberg.

Ações despencam

As ações da Boeing despencaram 6,8%, para US$ 344, no fechamento de sexta-feira, prejudicadas por novas revelações e o contínuo desencontro entre a empresa e a Autoridade Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês). A queda nos papéis da Boeing foi a pior desde fevereiro de 2016 e marcou o maior declínio no Dow Jones.

Boeing

Não acreditamos que a Boeing conseguirá voltar à total normalidade operacional no curto prazo, e o principal impedimento nesse processo é a reconquista da confiança pública.

A Boeing certamente é capaz de solucionar os problemas técnicos necessários para fazer do Max um gerador de receitas viável novamente, mas esse processo dependerá dessa reconquista de confiança. As alegações da semana passada de que os executivos da Boeing já sabiam dos problemas do 737 Max prejudicaram ainda mais esses esforços.

A FAA afirmou recentemente que quaisquer ações associadas à aprovação original do avião não são relevantes para o trabalho que está realizando agora. Os órgãos reguladores exigiram que a Boeing realize novas análises de segurança no sistema que apresentou falha, além de diversos testes que não haviam sido feitos antes da certificação original da aeronave em 2017.

Conclusão

Sem dúvida, as ações da Boeing vão se recuperar dessa crise, e os problemas técnicos do Max serão solucionados. Os próximos passos devem ser a responsabilização dos envolvidos e continuidade dos negócios, o que pode custar o cargo do CEO da empresa, Dennis Muilenburg, se as autoridades chegarem à conclusão de que a companhia deliberadamente ocultou tais informações.

Acreditamos que, quando as ações da Boeing finalmente conseguirem se desvencilhar da atual situação, oferecerão uma boa oportunidade de compra.

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