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Boeing busca ajuda de curto prazo com governo e Congresso

17 mar 2020, 10:31 - atualizado em 17 mar 2020, 10:31
Boeing 777x
O setor aeroespacial enfrentará problemas extremos no curto prazo e possivelmente nos meses seguintes, disse Ron Epstein, analista do Bank of America (Imagem: REUTERS/Lindsey Wasson)

A Boeing pediu a autoridades da Casa Branca e do Congresso ajuda no curto prazo, como também para fornecedores e companhias aéreas, já que as perspectivas para a indústria de viagens pioram a cada dia por causa do surto de coronavírus, disseram pessoas a par do assunto.

A fabricante de aviões norte-americana tenta evitar demissões e prejudicar centenas de empresas de menor porte que fabricam peças e sistemas para suas aeronaves, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas.

A Boeing também sente o impacto do aterramento de seu modelo mais vendido, o 737 Max, que aguarda autorização regulatória para retomar os voos após dois desastres aéreos.

A Boeing, a rival europeia Airbus e uma série de fornecedores enfrentam a pior crise do setor desde pelo menos os ataques terroristas de 11 de setembro, quando países fecharam fronteiras e companhias aéreas aterraram frotas de aeronaves.

Na terça-feira, a Airbus anunciou que interromperá a produção e montagem em fábricas francesas e espanholas nos próximos quatro dias para implementar medidas de saúde, como limpeza e distanciamento.

O setor aeroespacial enfrentará problemas extremos no curto prazo e possivelmente nos meses seguintes, disse Ron Epstein, analista do Bank of America, em relatório a clientes na segunda-feira.

“Em nossa opinião, os modelos globais de negócios de companhias aéreas estarão sob estresse, as companhias aéreas reduzirão investimentos, os planos de crescimento serão cortados e haverá recuperações judiciais de companhias aéreas”, disse Epstein.

“O programa 737 Max pode ser especialmente afetado devido às próprias circunstâncias idiossincráticas.”

Acesso à liquidez

Em comunicado, a Boeing confirmou que “discussões positivas e contínuas continuam com os líderes do governo e do setor”, inclusive com o governo Trump e Congresso.

O acesso a curto prazo a fundos públicos e privados é fundamental para toda a indústria aeroespacial, que tem forte perspectiva de longo prazo, mas um “desafio urgente” causado pelo vírus, informou a empresa.

“O acesso de curto prazo à liquidez pública e privada será uma das maneiras mais importantes para companhias aéreas, aeroportos, fornecedores e fabricantes conseguirem a recuperação”, disse a Boeing em comunicado.

“Agradecemos como o governo e o Congresso estão se engajando com todos os elementos da indústria da aviação durante esse período difícil.”

A Casa Branca está em contato com a Boeing para discutir questões relacionadas ao vírus, disse um importante representante do governo. O presidente Donald Trump já havia dito que o governo dos EUA “apoiaria as companhias aéreas em 100%”, um ponto depois reforçado em um tuíte.

A associação Airlines for America disse que companhias aéreas comerciais precisam de US$ 50 bilhões em ajuda, além de outros US$ 8 bilhões para empresas de carga.

As ações da Boeing fecharam em queda de 24% na segunda-feira em Nova York, cotadas a US$ 129,61, o preço mais baixo desde setembro de 2016. As ações perderam mais da metade do valor este ano, o que faz da Boeing a empresa com o pior desempenho no Dow Jones Industrial Average.