Boeing 777X deve perder estreia prevista em 2021, diz a Emirates
A estreia do novo jato 777X da Boeing Co. provavelmente não será no próximo ano, de acordo com o principal cliente, a Emirates, que não espera receber aviões antes de 2022.
Entregas da aeronave, que teve o primeiro vôo de teste em janeiro, provavelmente serão interrompidas pela paralisação da Boeing durante o auge da pandemia de coronavírus juntamente com um atraso no processo de certificação, disse Adel Al Redha, chefe de operações da companhia aérea do Golfo em entrevista nesta quinta-feira.
A Emirates também considera a possibilidade de trocar alguns dos 115 777Xs que possui por encomenda – e que representam mais de um terço do total de pedidos em atraso – pelo 787 Dreamliner, avião menor e que pode ser mais adequado para a atual demanda, disse.
A Boeing tenta adiar o uso da versão atualizada do 777, à medida que outros compradores também resistem à entrega de um avião tão grande quando estão sendo obrigados a encolher as operações, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que pediram para não ser identificadas porque as discussões não são públicas.
O primeiro lançamento da empresa desde o caso 737 Max, aterrado após dois acidentes fatais, também enfrenta um escrutínio maior da FAA, a administração federal de aviação dos EUA, e de outros reguladores.
“Não acredito que eles possam entregar a aeronave em 2021”, disse Al Redha. “Estamos em contato com a Boeing para obter mais visibilidade. Eu acho que 2022 é uma suposição segura a ser feita”.
Fazendo progresso
Em comunicado, a Boeing disse que trabalha em estreita colaboração com seus clientes para se adaptar à evolução da situação do Covid-19.
“Continuamos a executar nosso robusto programa de testes para o 777-9, que iniciou os testes de vôo em janeiro”, afirmou a Boeing em comunicado. “Continuamos satisfeitos com o progresso que estamos fazendo e com o avião”.
A FAA disse em comunicado que não pode comentar sobre seus esforços para revisar o trabalho do fabricante para atualizar o 777.
Enquanto a agência está tomando medidas para tornar as avaliações de risco mais rigorosas após o aterramento do Max, o processo de certificação do 777X começou antes dos acidentes e não deve ser afetado pelas reformas. Mesmo assim, os holofotes do processo podem desencadear outras ações que retardem a aprovação.
Jogo de Números
O momento da estreia comercial do 777X está no centro de negociações complexas com a Emirates, que já converteu parte de seu pedido original para o Dreamliner, menor e mais versátil.
A primeira entrega do 777X foi originalmente marcada para este ano, embora a data tenha sido adiada para 2021 após questões que incluíram atrasos nas turbinas do avião, da General Electric Co.
A Boeing, com sede em Chicago, está ansiosa para começar a entrega do 777X depois que a crise do Max privou a receita de seu programa mais vendido.
Mas o modelo de corredor duplo, que possui asas maiores e novos motores, está chegando em um momento em que o mercado de aeronaves mais longas e de alto volume pode ficar deprimido por anos.
A variante 777-9 é mais longa do que o jumbo 747 da Boeing, e é o primeiro jato bimotor capaz de transportar um número semelhante de pessoas.
É também o modelo mais caro da empresa, vendido por US$ 442,2 milhões antes dos descontos habituais.
As vendas, no entanto, estagnaram desde a primeira enxurrada de pedidos, quando a aeronave foi apresentada no Dubai Airshow de 2013, e os pedidos antecipados da China não se materializaram em meio às tensões comerciais.
Para a fabricante de aviões dos EUA, existe o risco de que conversões e adiamentos de pedidos adicionais o deixem fabricando o jato em quantidades tão baixas que a lucratividade do 777X seria prejudicada.
Qatar Airways, Cathay Pacific Airways Ltd. e Deutsche Lufthansa AG estão entre os clientes que estão reestruturando seus planos de frota.
A Emirates, a maior companhia aérea de longa distância do mundo, foi duramente atingida pela queda sem precedentes nas viagens causadas pelo coronavírus.
Já foi preciso repensar os planos para o A380 de dois andares, um dos pilares de sua frota, depois que uma escassez de demanda em outros lugares levou a Airbus SE a recusar a atualização do jato e depois encerrar o programa mais cedo.