Boa Safra (SOJA3): BTG e XP chamam atenção para queda na carteira do 2T24; o que fazer com ação?
A Boa Safra (SOJA3) viu seu lucro líquido recuar 34,92% no segundo trimestre de 2024 (2T24) na comparação com o 2T23, para R$ 18,114 milhões, conforme reportou a companhia ontem (8), após o fechamento do mercado. No mesmo comparativo, o Ebitda teve uma queda de 56,71%, para R$ 17,331 milhões.
A XP viu números mais fracos do que o esperado para a empresa, principalmente devido à receita líquida 49% abaixo do XPe e -35% anualmente, devido ao atraso nas vendas. A perda de receita levou a um Ebitda ajustado fraco de R$7 milhões (-70% vs. XPe e -33% ano a ano). A casa conta com recomendação de compra para ação (R$ 20,90) e potencial de alta de 46,46%.
“A margem também ficou abaixo do esperado e a razão não está totalmente clara para nós, embora a Boa Safra mencione maiores despesas associadas a dois novos centros de distribuição e devido à transição para a nova sede da companhia em Brasília. O principal KPI (indicador de performance) do resultado do 2T é a carteira de pedidos, que veio fraca como esperado, em R$ 1,1 bi (de lado no anual e +14% T/T), desacelerando seu ritmo de crescimento à medida que os produtores continuam adiando as compra de insumos”, veem Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.
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Aquisição de insumos deve ganhar força
Os analistas acreditam que o ritmo de compra de insumos deve ganhar tração nas próximas semanas, à medida que a temporada de plantio se aproxima, embora isso levante um ponto de atenção, uma vez que o crescimento do volume abaixo do esperado pode levar a revisões dos resultados para baixo.
“Estimamos um crescimento anual do volume de 27%, enquanto achamos que o mercado espera uma variação entre 20-30%”, completam.
Do lado positivo, a XP não vou nenhuma deterioração significativa na linha de contas a receber (o que era uma preocupação devido ao atraso no farmer selling dos produtores), embora notem necessidades mais altas de capital de giro devido à menor antecipação dos clientes, à medida que tentam entender se isso está mais ligado a uma mudança na política da empresa ou devido ao atraso nas vendas.
BTG não vê destaques no lado financeiro para SOJA3
Do ponto de vista financeiro, o BTG Pactual não vê grandes destaques no trimestre, já que a primeira metade do ano é quando a soja é colhida e levada para as UBS (Unidades de Beneficiamento de Sementes) para ser processada e armazenada como sementes.
Segundo o banco, a Boa Safra reportou uma carteira de pedidos estável no comparativo anual, com a empresa ressaltando que esse número se estende até julho pela comercialização atrasada pelos agricultores para a safra 2024/25. A empresa espera que os pedidos do 2S24 reflitam isso, já que a área plantada deve continuar a crescer na próxima safra (embora mais suavemente em 1% a/a)
A instituição aponta que nos últimos 3 anos a receita bruta anual de sementes da Boa Safra foi de 1,45x sua carteira de pedidos para o segundo trimestre.
“Se assumirmos que essa proporção permanece, a receita bruta de sementes da empresa para o ano seria de R$ 1,7 bilhão. Não temos fortes razões para acreditar que esse resultado se materializará, a menos que a Boa Safra tenha perdido inesperadamente uma fatia significativa do mercado este ano ou os preços das sementes estivessem em uma queda (também inesperada). Esse é um ponto a ser monitorado, mas mantemos nossas estimativas, esperando uma aceleração dos pedidos de julho até setembro, quando o plantio começa”, explicam Thiago Duarte e Guilherme Guttila.
Ritmo de crescimento deve se manter
Recentemente, o banco atualizou suas estimativas para a Boa Safra após a conclusão da oferta subsequente de R$ 300 milhões, já que acreditam que o ritmo de crescimento ainda mais.
“Nossas premissas de crescimento para volumes de sementes de soja e milho são baseadas no plano de crescimento orgânico da empresa, que pode ser conservador. Novos investimentos em centros de distribuição (2 anunciados no acumulado do ano) devem ajudar a aumentar ainda mais a penetração do TSI. Com a ação negociando a 6,7x P/E 25, somos compradores (preço-alvo de R$ 25)”, discorrem.