Boa notícia na inflação pode convencer Fed a parar aperto em julho? A XP acha que sim
O PCE, índice inflacionário preferido pelo Federal Reserve, divulgado nesta sexta-feira (30) mostrou que os Estados Unidos avançaram 0,31% em maio, em consenso com o que esperavam os analistas do mercado. No acumulado dos 12 meses, o índice sobe 3,8%.
Sem trazer surpresas, a leitura foi bem recebida nos mercados. Os três principais índices de Wall Street operam com ganhos sólidos nesta sexta-feira (30). Destaque para o Nasdaq Composite (US100), que sobe 1,24%, comandado pelo grupo das grandes 7 empresas de tecnologia.
Em nota geral, o mercado de ações sobe em detrimento dos rendimentos das Treasuries, que caem depois da divulgação do dado pelo Departamento do Comércio. As T-notes de 10 anos caem 4 pontos-base, aos 3,820%. Já as T-bills de 2 anos perdem 6 pontos-base, aos 4,872%.
Para o time de análises macroeconômicas da XP, a leitura de inflação de hoje foi marginalmente positiva, sobretudo, por conta de melhores no componente de serviços do PCE (o segmento que gera mais preocupação para o Fed).
Apesar de forçar uma queda no mercado de títulos, o PCE em linha com as expectativas não trouxe modificações relevantes para as apostas do Fed Funds. A maioria das instituições depositárias do Fed (87%) continua acreditando que a autoridade monetária irá resumir o aperto monetário na reunião do 26 de julho, através de uma alta de 0,25 ponto percentual (pp.).
O time da XP, porém, vai na contramão da maioria das projeções. Considerando uma previsão mais positiva para os outros dados macroeconômicos, a instituição entende que o Fed não terá por que aumentar a taxa na reunião de julho.
O PCE de maio marca o primeiro da trinca de dados que precedem a reunião do Fomc do final de julho. Ainda ficam com divulgação pendente o payroll, no dia 7 de julho, e o CPI de junho, no dia 12 de julho.
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Núcleo do PCE: deflação de bens de consumo e desaceleração lenta de serviços
O núcleo do PCE, que desconsidera itens voláteis como alimentos e energia, desacelerou a 4,62% em maio, de 4,68% medidos em abril.
Segundo análise do time macroeconômico da XP, o resultado mostra destaque para a deflação de 0,13% de bens de consumo, com a variação anual de preços caindo de 2,10% para 1,05%.
Já a parte de serviços apresentou uma desaceleração mais tênue, com o acumulado dos 12 meses saindo de 5,50% para 5,31%; na comparação mensal, este aumento foi de 0,26%.
“Em uma nota mais positiva, a variação sazonal dos serviços aliviou de 4,25% para 3,80%, o menor nível desde outubro de 2021. Esperamos que o núcleo do PCE continue arrefecendo, até 3,2% no final do ano, bem abaixo da própria projeção do Fed, que é de 3,9%”, explicita a análise.
A autoridade monetária vem citando recorrentemente preocupações com o componente de serviços na inflação, um reflexo da força do mercado de trabalho nos Estados Unidos.