Economia

BNP Paribas sobe projeção para Selic a 14,25% em 2022; conta para IPCA vai a 8,5%

28 mar 2022, 15:07 - atualizado em 28 mar 2022, 15:07
BNP Paribas
O BNP projeta o pico da inflação em abril, com alta acumulada em 12 meses de 11,6% (Imagem: REUTERS/Benoit Tessier)

O BNP Paribas espera agora que um cenário de inflação mais pressionada do que o esperado em 2022 leve o Banco Central a subir a taxa Selic a 14,25% até agosto deste ano, apesar das indicações recentes da autarquia de que encerrará seu ciclo de aperto monetário em maio.

Seu novo prognóstico prevê ajuste de 1 ponto percentual na Selic no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em maio, seguido de altas de 1 e 0,5 ponto, respectivamente, nas reuniões de junho e agosto. Antes, a estimativa do credor francês para os juros básicos ao final deste ano era de 13,25%.

A revisão do BNP acompanhou piora em seu prognóstico para a inflação neste ano, com seu novo cenário contemplando alta de 8,5% do IPCA em 2022, ante taxa de 7,0% prevista anteriormente. Se esse cenário se confirmar, o índice ficará 3,5 pontos percentuais acima do teto da meta para o período, de 5%.

O centro do objetivo de inflação para este ano é de 3,5%, mas há margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

“As interrupções na cadeia de suprimentos devem piorar no curto prazo, a nosso ver, devido à imposição de sanções contra a Rússia. Acreditamos, portanto, que os riscos de inflação estão inclinados para cima”, afirmaram em relatório desta segunda-feira Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para América Latina; Michelle Hwang, estrategista de juros e câmbio; e Laiz Carvalho, economista do BNP.

Eles mantiveram avaliação presente em cenário anterior de que os setores de energia, bens industriais e alimentação em casa pressionarão a inflação em 2022, mas pontuaram que “os canais de transmissão dos preços ficaram mais fortes”, o que justificou a revisão para cima do IPCA.

O BNP projeta o pico da inflação em abril, com alta acumulada em 12 meses de 11,6%. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também espera que o ápice da inflação aconteça no mês que vem, mas vê taxa mais comportada, de 11%.

Campos Neto tem sinalizado que é provável que o BC esteja perto de encerrar seu ciclo de aperto com uma taxa Selic de 12,75% em maio, o que não desencorajou o BNP a subir sua estimativa para os juros. Na semana passada, o Credit Suisse também elevou com força seu cenário para a Selic, a 14%.

Para 2023, o BNP manteve expectativa de que a Selic encerre o ano em 10,50% e o IPCA em alta de 4,5%, acima do centro da meta, de 3,25%.