“BNDES quer reduzir ao mínimo participação no mercado de ações”, diz Montezano
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou hoje (14) ao participar do Diálogos 15 – Como Acelerar a Recuperação Econômica Verde, que o conceito da sustentabilidade da instituição, envolvendo o social, o ambiental e o econômico, tem ficado mais claro nos anos recentes.
“Se você quer crescer o seu Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) potencial, se você quer gerar empregos, quer ter um país próspero, naturalmente, a agenda econômica tem que andar junto com a social e a ambiental. É um tripé e se faltar uma das pernas, as outras duas terão dificuldade em caminhar”, afirmou o presidente do BNDES no debate, promovido pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e pela Embaixada da República Federal da Alemanha no Brasil.
Montezano disse que da mesma forma que está ocorrendo uma mudança no sentido de enxergar isso na economia, também os bancos de desenvolvimento estão alterando a maneira de atuar em todo o mundo. Antes, enxergava-se o banco de desenvolvimento como um cofre de dinheiro, indicou.
Completou que, agora, com o mundo mais sofisticado e atento aos impactos não financeiros, é preciso migrar a atuação dos bancos de desenvolvimento, vendo a relevância financeira, mas procurando focar também nos impactos não financeiros sob a ótica social e ambiental.
“Nesse sentido, os bancos passam a deixar de ser um provedor principal e atuam mais como catalizador de recursos, alguém que quer colocar recursos mas também angariar parceiros e, principalmente, trazer o mercado financeiro junto. O mercado financeiro é o sistema circulatório da economia, conduz dinheiro e informações e traz de volta também informações. Esse sistema circulatório bem irrigado e transmitindo as informações adequadas, onde a taxonomia é muito importante, é muito mais impactante do que o banco atuando de forma isolada e como agente principal”, destacou.
A taxonomia é um processo de classificação dos investimentos que contribuem significativamente para a sustentabilidade. A taxonomia foi criada este ano pela União Europeia e passa a valer a partir de janeiro de 2021.
Desinvestimento
Indagado sobre operação recente feita pelo banco por meio de sua subsidiária BNDES Participações (BNDESPar), para desinvestimento de R$ 7 bilhões em ações da Suzano, uma das gigantes da bioeconomia brasileira, enquanto mantém posição de vulto em títulos da Petrobras (PETR4), principal ativo brasileiro sob risco de encalhe na transição para economia de descarbonização, Gustavo Montezano esclareceu que o BNDES, no início deste no, também vendeu R$ 20 bilhões em papéis da Petrobras.
Informou que independente da empresa da qual o banco vendeu participação societária, “o mais importante é ratificar que para um banco de desenvolvimento não faz sentido fazer especulação com títulos mobiliários no mercado secundário de ações. Seja ação da Suzano (SUZB3), da Vale, da Petrobras”.
Montezano explicou que quando a ação sobe ou desce, esse lucro não traz qualquer desenvolvimento para o Brasil. Por isso, reiterou que “até o final de 2022, a meta do BNDES é executar a estratégia de reduzir ao mínimo a nossa participação especulativa no mercado de ações. A função de um banco de desenvolvimento é colocar dinheiro novo, girar a economia. Especular no mercado secundário é uma atividade nobre, mas para o setor privado. Não para um banco de desenvolvimento”, concluiu.