BNDES avalia emissão externa de títulos ESG para ampliar crédito
O BNDES avalia um plano para vender títulos vinculados à sustentabilidade nos mercados internacionais no segundo semestre do ano, um movimento para ajudar a expandir a capacidade de concessão de crédito sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O banco de desenvolvimento planeja expandir os desembolsos para 2% do PIB do Brasil, ou cerca de R$ 200 bilhões nos próximos quatro anos, de cerca de 0,7% do PIB em 2021, disse Natália Dias, diretora-gerente de mercados de capitais e finanças sustentáveis.
Os recursos virão de credores multilaterais e, potencialmente, da emissão de dívida global, disse ela em entrevista.
“Estamos monitorando as condições do mercado para potencialmente planejar uma emissão”, disse ela, às margens de uma conferência sobre dívida corporativa organizada pelo JPMorgan em Miami. “Existe um bolso muito profundo para títulos sociais e de infraestrutura, bem como sociais e verdes, e queremos estar em posição de retomar o relacionamento com esses investidores.”
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Um projeto também pode ser enviado ao Congresso para aprovar um novo tipo de título para financiar bancos de desenvolvimento, disse ela.
Os planos para expandir a capacidade de empréstimo do banco se alinham com a visão de Lula de aumentar os gastos e usar os bancos públicos para impulsionar o crescimento.
As linhas de crédito do BNDES são vistas como um importante instrumento agora que os juros do Brasil – hoje em 13,75% – são vistos por Lula e seus aliados como um obstáculo à recuperação econômica do país.
Desde a implementação de uma estrutura de sustentabilidade em 2021, o BNDES tem cerca de 68% de sua carteira investida em ativos verdes ou sociais, um processo que ajuda a garantir financiamento mais barato para o credor. O banco, que vendeu pela última vez US$ 1 bilhão em notas em 2017, tem o rating de dois degraus em território “junk” pela Moody’s Investors Service e de um nível inferior pela Fitch Ratings e S&P Global Ratings.
Dias disse que o BNDES tem um pipeline de R$ 4,8 bilhões em linhas de crédito com credores multilaterais e outras instituições financeiras de desenvolvimento que podem ser estendidas.
Neste ano, os desembolsos serão de R$ 98 bilhões, com infra-estrutura como um foco importante para o investimento, disse ela.
O banco também pretende investir na transição para energia mais limpa, mobilidade urbana e financiamento para pequenas e médias empresas, disse Dias.
O BNDES também está monitorando sinais de crise de liquidez nos mercados de crédito brasileiros após a implosão da varejista Americanas — “caso os mercados não encontrem uma solução”, disse Dias, citando R$ 92 bilhões em linhas de crédito com bancos comerciais que poderiam ser usadas para emprestar a setores sob pressão.