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BMG: Vale a pena ter a ação de um banco “confuso” e processado por clientes?

14 fev 2020, 22:27 - atualizado em 14 fev 2020, 22:27
BMG
Os analistas do Credit Suisse avaliaram o documento do balanço como “difícil de entender”. (Imagem: Reprodução/Linkedln)

Os resultados do BMG (BMGB4), divulgados na noite de quinta-feira (14), assustaram os acionistas e os analistas de investimentos. A reação foi enorme e as ações derreteram 16,97%, a R$ 7,63. Em 2020, a desvalorização é de aproximadamente 20%.

Os analistas do Credit Suisse avaliaram o documento do balanço (veja abaixo) como “difícil de entender”.

O lucro recorrente ficou em R$ 74 milhões no trimestre, crescimento de 20% na comparação com o ano anterior, e em R$ 344 milhões no ano passado, alta de 33,4%.

“Os números foram decepcionantes e com despesas muito acima do esperado, apesar de as provisões para demandas cíveis na verdade terem caído na passagem trimestral – a surpresa negativa veio de outras questões administrativas”, apontam Marcelo Telles, Otavio Tanganelli e Alonso Garcia.

No total, as despesas operacionais subiram 54,5% no último trimestre de 2019 e ficaram em R$ 415 milhões, enquanto o Credit Suisse esperava R$ 364 milhões.

O expressivo aumento da linha “outras despesas operacionais”, de 127,6% no último trimestre e 43,3% na passagem anual, também chamou a atenção.

A provisão operacional líquida, que disparou 100,2% no trimestre e 115,4% no ano, ficou em R$ 93 milhões no quarto trimestre. Foi um valor parecido aos R$ 90 milhões dos três meses anteriores, quando de fato houve o salto para este novo patamar.

Para os analistas, esta estabilidade até “ajuda a aliviar algumas preocupações do mercado sobre uma elevação ainda maior desta linha”. Este item é reflexo de processos movidos por clientes contra o banco.

O BMG explicou que o aumento maior que o esperado das provisões é reflexo de uma menor participação de êxito no encerramento das ações movidas por clientes (Imagem: Youtube do BMG)

Em um relatório assinado pela analista Tatiana Brandt, a Eleven Research ressaltou que este item “deve continuar no radar”.

“A surpresa negativa advinda do aumento de volume de provisões cíveis, e a forma como o banco tratou do assunto, pesou negativamente em nossa visão para o banco”, destaca o documento.

O BMG explicou que o aumento maior que o esperado é reflexo de uma menor participação de êxito no encerramento das ações, concomitante com perdas de tickets mais elevados.

“A combinação desses fatores foi responsável pelo aumento substancial das despesas apresentadas, em especial no segundo semestre de 2019”, mostra o relatório.

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Projeções

O BMG, juntamente com os resultados, publicou as suas expectativas de resultados para 2020.

Para o Credit Suisse, a estimativa sobre a alíquota efetiva de IR/CSLL veio “anormalmente” baixa e não ficou claro se isto considera os dados gerenciais ou contábeis. O patamar entre 25% e 35% é inferior aos 36% esperados pelos analistas.

“Em nossos cálculos, assumimos que todas as linhas se referem a números gerenciais”, avaliam. O ponto médio da orientação de resultados do BMG sugere um lucro antes de impostos de R$ 1,010 bilhão, o que fica 9% abaixo do estimado pelo Credit Suisse.

Ações

Enquanto o BMG continua a surpreender o mercado, os analistas parecem começar a perder um pouco da crença nos papéis.

A Eleven manteve a recomendação de compra, mas colocou sob revisão o seu preço-alvo. O Credit Suisse também manteve a indicação de compra, enquanto entende que as ações continuarão pressionadas. O preço-alvo continua em R$ 12,50.

Veja o documento dos resultados: