Bloqueio de WeChat abala mercados e Tencent perde US$ 35 bilhões
A decisão do governo Trump de banir residentes dos Estados Unidos de realizarem transações com o aplicativo WeChat da Tencent reverberou pelos mercados chineses e eliminou US$ 34,6 bilhões do valor de mercado da gigante da Internet.
O yuan registrou a maior queda em duas semanas.
A ordem executiva do presidente dos EUA aumentou a preocupação de investidores com a deterioração das relações EUA-China, que deve pesar sobre empresas, economias e mercados.
A confusão inicial sobre o escopo da proibição provocou volatilidade nas negociações na sexta-feira. A ação da Tencent chegou a cair mais de 10% durante a sessão na manhã em Hong Kong.
A ação reduziu as perdas e fechou em queda de 5% após um representante do governo dos EUA ter esclarecido que a proibição abrange apenas o WeChat.
A ordem de linguagem vaga gerou temores de que se aplicaria não apenas aos serviços de mensagens e pagamentos da Tencent nos Estados Unidos, mas também às relações comerciais com algumas das maiores empresas americanas.
A Tencent, classificada pela Newzoo como a maior editora de jogos do mundo em receita em 2019, colabora com líderes da indústria dos EUA como Activision Blizzard e Electronics Arts.
A empresa também detém grande participação na Epic Games, editora do Fortnite, e é proprietária da Riot Games, desenvolvedora do jogo League of Legends.
Antes da queda de sexta-feira, a Tencent valia US$ 686 bilhões, sendo a oitava maior empresa do mundo em valor de mercado, superando a Berkshire Hathaway.
Com esse tamanho, a empresa ocupa uma posição dominante nos índices globais. A Tencent responde por mais de 6% do índice de países em desenvolvimento da MSCI e por 4% do indicador para a Ásia-Pacífico.
O índice Hang Seng de Hong Kong perdeu 1,6% na sexta-feira, enquanto o yuan offshore chegou a cair 0,45%.
A ordem de Trump contra o WeChat veio após medida semelhante contra o TikTok, da ByteDance, serviço de vídeos curtos que a Casa Branca acusa de colocar em risco a segurança nacional.
A Tencent, cujo aplicativo está no centro das comunicações entre pessoas e empresas na China e no exterior, deve enfrentar pressão contínua de congressistas americanos, disse Steven Leung, diretor executivo da UOB Kay Hian (Hong Kong).
“O governo dos EUA deve seguir com mais medidas visando a Tencent”, disse Leung. “O mapa de expansão da Tencent no exterior agora parece um pouco incerto, uma vez que alguns negócios de fusões e aquisições, especialmente se seus alvos estiverem nos Estados Unidos, enfrentarão desafios.”