Blog do PQ?: O Plano Real e o fim da hiperinflação
Há 25 anos, o Plano Real finalmente colocava fim à hiperinflação no Brasil. Falaremos mais sobre o assunto ao longo da semana. O propósito deste texto é simplesmente mostrar alguns dados para fornecer a dimensão do problema. O gráfico a seguir mostra a taxa de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de mudança média nos preços brasileiros, que inclusive baliza as ações de política monetária do Banco Central. Note que os dados são mensais.
Veja que, no mês seguinte à entrada em ação do Plano Real, a inflação despenca e fica em patamares civilizados até hoje. No gráfico dá para ver também a ação de outros planos de estabilização, que temporariamente derrubaram a inflação, mas não resolveram o problema – ela logo voltava e com força. Destaco o Plano Cruzado, do início de 1986, que tentou controlar a inflação com base em congelamento de preços. E o Plano Collor, de março de 1990, que utilizou o malfadado confisco de ativos.
Na verdade, o problema da inflação alta vinha de longa data. No início da década de 1980, ela já ficava consistentemente em torno dos 5% mensais, ultrapassando de vez em quando a marca dos dois dígitos. A partir de 1983, fica acima dos 10% em quase todos os meses, antes de sair do controle na segunda metade da década.
Se voltarmos ainda mais no tempo, vemos novamente como o período pós-1994 difere do nosso histórico. Dispomos de outros índices de inflação no Brasil, em frequência mensal, com séries bem mais longas. Confira no gráfico abaixo a inflação medida pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas, a partir de 1959. Desde aquela época a inflação era mais alta que atualmente. E a tendência de subida na taxa, que culmina na hiperinflação dos anos 1980 e 1990, já aparece em meados dos anos 1970.
Mas esses valores não são nada se comparados aos dados de inflação no período pré-1994.