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O blockchain vai desencadear a energia global

02 dez 2019, 15:04 - atualizado em 31 maio 2020, 13:24
Blockchain irá revolucionar não apenas o modo como fazemos nossas transações financeiras, mas também o nosso consumo de energia (Imagem: Pixabay)

Desde que Thomas Edison fundou a primeira estação de energia permanente do mundo em 1882, a energia fluiu em uma única direção: de geradores centralizados e em grande escala para casas e empresas. Hoje, é um setor industrial preparado para a disrupção direcionada do blockchain.

Por muito tempo, esse modelo centralizado de núcleo fez muito sentido. Grandes cidades consomem muita energia e é bem mais barato investir em apenas um serviço poderoso.

O sistema centralizado de Edison era econômico, eficaz e conveniente. Porém, as coisas mudaram e um novo sistema descentralizado já está revolucionado o setor energético.

Energia descentralizada dá maior autonomia aos cidadãos e menos poder ao governo/Estado local (Imagem: Medium/Nir Kabessa)

Por que energia descentralizada é viável agora?

Hoje existe mais ênfase do que nunca sobre as tecnologias de energia renovável, como painéis solares nos telhados, turbinas eólicas e armazenamento de bateria acessível.

Essa mudança em direção à energia distribuída já tornou possível para os consumidores de energia se tornarem produtores. Esses consumidores/produtores são capazes de gerenciar suas próprias necessidades de consumo de energia e até produzir superávit, que eles podem reintroduzir ao mercado.

No entanto, como qualquer outra revolução de mercado, esse novo modelo vem com diversos cálculos logísticos e políticos. É normal questionar como isso irá afetar os preços energéticos. E, mais importante, como esses consumidores/produtores podem distribuir toda essa energia sem uma rede centralizada?

É aí que entra a negociação de ponto a ponto (“peer-to-peer”).

Airbnb
O consumo/produção de energia renovável e descentralizada pode ajudar o bolso do consumidor/produtor (Imagem: Pixabay)

Poder interpessoal: sua conta de energia e Airbnb

Negociação de energia interpessoal permite aos produtos distribuídos venderem energia que eles geraram a outros consumidores. Assim como acomodação (Airbnb), carros (Turo) e empréstimos financeiros (Lending Club), os indivíduos ganham uma participação de mercado no momento em que recebem um superávit.

Mas ainda existem alguns problemas com esse modelo energético descentralizado interpessoal. Por exemplo, como você faz a gestão, o registro e fornece transparência de um sistema automatizado e descentralizado de energia e consumo de forma segura?

No setor financeiro, a resposta é o blockchain, o método seguro de registro distribuído de rastreamento e autenticação de transações interpessoais.

A tecnologia de registro distribuído (DLT) do blockchain dá mais autonomia tanto para as empresas descentralizadas quanto para os cidadãos (Imagem: Pixabay)

Blockchain e eficácia de mercado

Todos sabemos sobre a energização do blockchain no desenvolvimento de criptoativos como bitcoin.

Serik Kaldykulov, do Elefund, um dos primeiros investidores de capital de risco na Robinhood, resume um dos benefícios universais do blockchain: “com sua tecnologia de registro distribuído (DLT) descentralizado, blockchain aproxima os mercados de uma ideia de eficácia”.

Essa “ideia de eficácia” está vindo para o setor energético.

A força do blockchain está em sua capacidade de facilitar os contratos inteligentes entre negociadores e tornar os dados de transação mais transparentes do que nunca. Assim, possui aplicação evidente na indústria energética, e já existem testes, projetos-piloto e startups para levar o blockchain ao mercado de negociação interpessoal.

Empresas como Power LedgerWePower e LO3 Energy já estão utilizando blockchain para alterar o setor energético, como o desenvolvimento de aplicações para “microgrids” (redes menores para geração e compartilhamento de energia), carregamento de veículos elétricos e transações interpessoais.

Essas soluções vão ajudar a solucionar os novos problemas contratuais, de negociação, de transação e de gestão de dados que surgem nessa indústria de energia distribuída inexperiente.

Uma ampla adesão de energia renovável ainda é algo para o longo prazo, então os fornecedores de energia tradicionais não vão perder seu espaço no mercado (Imagem: Pixabay)

Há espaço para os antigos e para os novos

Em meio à essa revolução energética, os serviços públicos tradicionais não vão sumir. De fato, alguns estão dispostos a participar dessa nova mudança para a descentralização.

Por exemplo, a Tokyo Electric Power Co. (TEPCO) criou, recentemente, Trende, uma unidade de energia solar e de armazenamento baseada em blockchain, para atrair esses corretores de energia descentralizada e reverter o declínio da indústria.

“Blockchain não precisa se colocar as startups contra os serviços públicos, ou os fornecedores contra os consumidores e consumidores/produtores”, afirma o analista e pesquisador sobre energia Johnathon de Villier.

“Na verdade, blockchain é uma das únicas tecnologias com o potencial de apoiar uma plataforma que alinha os incentivos de vários acionistas no setor energético.”

É isso o que torna a descentralização energética direcionada pelo blockchain tão universalmente atrativa. Agora, 66% dos executivos de serviços públicos esperam que sua empresa comece a integrar os recursos de energia distribuída, de acordo com um relatório da Accenture.

Os participantes de consumo vão economizar dinheiro. Além disso, as redes de negociação vão gerar mais transparência, o que vai gerar uma precificação mais eficaz pelo setor energético.

Em consequência, essas novas tecnologias vão acelerar a demanda por energia renovável, então reduzindo o custo energético para todos. O resultado é um ciclo virtuoso, possibilitado pela tecnologia de blockchain.

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