Alimentos

Blockchain permitirá rastrear salmão norueguês do mar ao prato

28 jun 2020, 10:00 - atualizado em 25 jun 2020, 10:43
Salmão Peixe
A ferramenta vai ajudar fornecedores da Noruega a diferenciar seus produtos premium de outros exportadores, reduzir fraudes de origem e também o desperdício (Imagem: Pixabay)

Consumidores do mundo inteiro em breve poderão conhecer intricados detalhes da trajetória do salmão que comem com uma nova iniciativa de blockchain da Noruega, maior exportador do peixe.

A Associação Norueguesa de Frutos do Mar fez uma parceria com a International Business Machines e com a provedora de tecnologia Atea para coletar dados sobre como o salmão é produzido, armazenado e enviado, informações que consumidores depois acessarão ao escanear um código QR.

A ferramenta vai ajudar fornecedores da Noruega a diferenciar seus produtos premium de outros exportadores, reduzir fraudes de origem e também o desperdício.

“O blockchain nos permite compartilhar a jornada do peixe do oceano até a mesa de jantar”, disse Alf-Goran Knutsen, diretor-presidente da Kvaroy Arctic, fornecedor que faz parte da iniciativa. “Agora, é mais oportuno do que nunca.”

Consumidores querem cada vez mais saber os ingredientes de seus alimentos e como são produzidos.

O blockchain ajudou varejistas a garantir que uma variedade de produtos, do frango a massas, não estão contaminados ou foram vendidos como se fossem outra coisa.

Consumidores querem cada vez mais saber os ingredientes de seus alimentos e como são produzidos (Imagem: Pixabay)

Mas peixes têm sido mais difíceis de rastrear, tornando-os particularmente vulneráveis à fraude. O grupo de defesa Oceana estima que uma em cada cinco amostras de frutos do mar não estão devidamente etiquetadas.

Embora a Noruega tenha regras mais rígidas do que muitos produtores sobre o processamento do salmão, a piscicultura está envolvida em polêmicas desde o uso de antibióticos até a sustentabilidade da alimentação dos peixes.

Usar o blockchain para monitorar a trajetória de um peixe ajudará produtores da Noruega a protegerem sua reputação e impedir que produtos inferiores sejam falsificados como noruegueses, de acordo com Espen Braathe, executivo da IBM Food Trust Europe.

“Quando você vende um produto limpo e fresco, é realmente importante produzir o máximo de evidências possível”, disse Braathe em entrevista.

O projeto, o primeiro a cobrir toda a cadeia de suprimentos do salmão, será lançado no fim de setembro e também vai monitorar a truta.

Sensores e câmeras registram detalhes como temperatura da água e alimentação dos peixes, disse o CEO da Atea, Steinar Sonsteby.

A iniciativa, que posteriormente será expandida para a captura do salmão selvagem, deve permitir que produtores noruegueses obtenham preços mais altos para os peixes, disse Robert Eriksson, presidente da Associação Norueguesa de Frutos do Mar. A meta é que cada membro rastreie até 40% de sua população de peixes até 2025, de acordo com a IBM.

Preocupações com o vínculo entre alimentos e casos recentes de coronavírus na China mostram como o blockchain poderia reduzir esse receio, disse Sonsteby.

O novo surto foi atribuído ao salmão importado, e o temor de que alimentos poderiam transmitir o vírus levou ao boicote do produto na China, embora especialistas tenham dito que não há evidências de que o peixe seja a origem ou o hospedeiro intermediário