Blinken diz que ataque russo à Ucrânia pode ocorrer em breve
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse nesta quarta-feira que a Rússia pode lançar um novo ataque sobre a Ucrânia em um “prazo muito curto”, ao se reunir com o presidente do país na primeira parte de uma nova iniciativa diplomática para evitar uma guerra.
A Rússia disse que as tensões em torno da Ucrânia estão aumentando e que ainda espera uma resposta por escrito dos EUA sobre suas demandas amplas por garantias de segurança do Ocidente.
As declarações pessimistas ressaltam o abismo entre Washington e Moscou, enquanto Blinken se prepara para uma reunião com o ministro russo de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, na sexta-feira, classificada por um analista de política externa russo como “provavelmente a última parada antes do desastre”.
Blinken disse a diplomatas na embaixada norte-americana em Kiev que o acúmulo de dezenas de milhares de militares russos na fronteira com a Ucrânia está acontecendo “sem provocação, sem motivo”.
“Sabemos que há planos em vigor para aumentar essa força ainda mais em um prazo muito curto, e isso dá ao presidente Putin a capacidade, também rapidamente, de tomar ações agressivas contra a Ucrânia”, disse Blinken.
A Rússia também moveu tropas até Belarus para o que classifica como exercícios militares conjuntos, o que garante a opção de atacar a vizinha Ucrânia a partir do norte, do leste e do sul.
Mas os russos continuam negando tal intenção. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o fornecimento de armas de países ocidentais para a Ucrânia, as manobras militares e voos de aeronaves da Otan são os responsáveis pelo aumento de tensões em torno da Ucrânia.
Os Estados Unidos dizem que a Rússia está ameaçando sua vizinha pós-soviética e que pode estar se preparando para uma nova invasão, oito anos depois de tomar a Crimeia dos ucranianos e apoiar forças separatistas que tomaram o controle de grandes partes do leste do país.
A Rússia diz que se sente ameaçada pelos laços crescentes de Kiev com o Ocidente e quer impor “linhas vermelhas” para prevenir que a Ucrânia se junte à Otan e para que a aliança retire tropas e armamentos do leste europeu. Washington diz que essas demandas “não têm chance de avançar”.
Vladimir Frolov, um ex-diplomata russo que é hoje analista de política externa, disse que o governo de Moscou não será apaziguado pela proposta dos EUA e da Otan de realizar negociações pelo controle de armamentos e está buscando um rearranjo muito mais amplo da ordem de segurança na Europa.