Bitcoin rouba a cena com salto de 72% no 1º trimestre e Ibovespa tem pior desempenho entre as bolsas; o que explica?
Se, por um lado, as expectativas frustradas do mercado caíram sobre o Ibovespa, levando o índice a apontar perdas acima de 4% no primeiro trimestre, por outro, investimentos como Bitcoin e ouro roubaram a cena nos primeiros três meses de 2024.
É o que mostra o levantamento elaborado pelo consultor de dados financeiros Einar Rivero, da Elos Ayta. Bitcoin foi o grande destaque do período, acumulando entre janeiro e março um salto de 72,20%. Em março, entregou ganhos de 16,61%.
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O impulso no mercado do Bitcoin tem como explicação o aumento da demanda por ETFs (fundos de índice) da criptomoeda. Além disso, há expectativa em relação ao próximo halving, processo que ocorre a cada quatro anos e reduz pela metade a emissão de novos tokens.
Do lado dos metais, o ouro também subiu bem, tendo encerrado março e o primeiro trimestre com valorizações de 10,97% e 21,13%, respectivamente.
Segundo análise do Julius Baer, o bom humor do mercado passa pela “corrida do ouro” na China e manutenção do movimento comprador de bancos centrais até as expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.
BDRX supera Ibovespa
Em terceiro lugar no levantamento da Elos Ayta, o Índice de BDRs (BDRX) encerrou o primeiro trimestre com alta de 15,88%, superando com folga o Ibovespa, referência na bolsa brasileira, e o Índice Small Cap (SMLL).
O Índice de Dividendos (IDIV) também não se salvou, tendo uma baixa de 3,81% nos primeiros três meses do ano.
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Outro levantamento da Elos Ayta mostra que o Ibovespa registrou o pior desempenho entre as 41 bolsas de valores do mundo no primeiro trimestre. Ao todo, apenas oito bolsas apresentaram recuo nesse intervalo.
Por outro lado, nove índices tiveram rentabilidade acima de 10%. O índice BIST100 da Turquia está no topo da lista, após valorização de 21,55%, seguido por Nikkei do Japão, que apresentou um crescimento de 19,98%.
Em atualização recente de preço-alvo para o Ibovespa, a Genial Investimentos avaliou que a falta de interesse dos gringos “reforça a previsão de que o ano será mais desafiador do que estimado anteriormente”.
Outros fatores, como as incertezas que rodeiam a China e a recuperação de sua economia e as intervenções políticas nas estatais (o que afeta a tese da Petrobras, uma das ações de maior peso para o Ibovespa), acabam jogando mais pressão sobre a bolsa doméstica.
Além disso, com os bancos centrais brasileiro e americano passando a adotar discursos mais hawkish (agressivos) em relação aos juros, minguando as expectativas mais positivas em relação ao ciclo de flexibilização monetária, a Genial entende que uma revisão baixista para o Ibovespa reflete melhor os desafios enfrentados pelo mercado brasileiro.
Ajustando o cenário para considerar todos esses fatores, a corretora chegou a um novo alvo ao fim de 2024 de 144.600 pontos, contra 151.000 anteriormente.