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Bitcoin: Por que você ainda não se importa?

21 out 2019, 20:05 - atualizado em 27 out 2020, 17:07
Bitcoin
Os grandes investidores do mundo inteiro já estão no mercado de criptoativos. E você?

Por Nicholas Sacchi, especialista da Empiricus Research

Esse é aquele tipo de texto que você vai mandar para aquele seu amigo que ouve você falar de cripto e não dá a mínima. Ou para aquele seu amigo, do mercado financeiro tradicional, que acha que bitcoin é coisa para fazer lavagem de dinheiro, sonegação de impostos ou é dinheiro de hacker da deepweb.

Meu objetivo é colocar um ponto final nessa história, cessar de uma vez por todas esse mimimi de blockchain sim, cripto não. Já passou da hora de descer do seu cavalo branco, olhar para esse mercado com a atenção que ele merece e romper com o preconceito inescrupuloso.

Sim, esse texto foi criado para abrir os seus olhos. Como pretendo te ajudar? Ora, mostrando que os que não se adaptaram já estão ficando para trás. Não, você não leu errado. Já está acontecendo e, aos que não correrem atrás de aprender, fica o lembrete de que o tempo corre numa direção só.

Ah, e não adianta bater o pé. Esse chacoalhão é mesmo para te tirar do fantástico mundinho da Faria Lima (conhecido carinhosamente como “o Condado”) e sacudir as suas ideias para que você comece a enxergar um pouco além do seu horizonte. Por mais que doa, te garanto que, no mínimo, você vai terminar o texto sabendo o caminho que você deve seguir.

Enfim, após essa nada sutil introdução, vamos ao que interessa.

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Estudo recente da PwC sobre o mercado aponta que, só de fundos de hedge, são 150 mergulhados nessa classe de ativos (Imagem: Pixabay)

Quem já está no mercado?

Se você não conhece nada sobre esse mercado, preciso te contra uma historinha que vem sendo contada há algum tempo nessas terras: dizem por aí que os investidores institucionais vão entrar em cripto e, com todo o seu poder, glória e disponibilidade de capital, mudarão completamente o jogo para o bitcoin e para os demais criptoativos.

O que talvez os narradores dessa epopeia tenham deixado passar é que os institucionais já chegaram. E não foi hoje, não. Vários deles já estão aqui faz tempo, após terem estudado por anos as melhores formas de se aproveitar dessa nova classe de ativos.

Sabe como é… enquanto alguns fecham os olhos para aquilo que é diferente, outros enxergam um mundo novo de oportunidades.

Quando me refiro aos institucionais aqui, quero dizer fundos de hedge, fundos de endowment, fundos de pensão, gestoras e até a maior Bolsa de valores do mundo.

O estudo mais recente da PwC sobre o mercado aponta que, só de fundos de hedge, são 150 mergulhados nessa classe de ativos, gerindo, ao todo, cerca de US$ 1 bilhão.

Com relação aos endowments, são nada menos que os fundos das universidades de Harvard, MIT, Stanford e Yale. Pois é, o maior gestor de fundos patrimoniais do mundo, David Swensen, já entendeu que ele precisa estar dentro desse mercado. Parece alguém com certa qualificação para avaliar uma oportunidade, na minha humilde opinião.

Sabe quem mais? Aquela Bolsa de valores pequenininha, lá de Nova York, a NYSE. Sim! Os caras acabaram de lançar sua própria plataforma de negociação de bitcoins e o volume de negociação vem crescendo aos poucos. E ela não é a única. As Bolsas de Chicago negociam derivativos de bitcoin desde 2017.

Temos também as grandes seguradoras que se meteram nessa, como a Lloyd’s, a AIG e a Allianz, que já oferecem seguros para custódia de criptoativos a preços cada vez mais acessíveis.

O Deutsche Bank, o maior da Alemanha, já atua no mercado de criptoativos (Imagem: REUTERS/Simon Dawson)

Continua desconfiado? E se eu te disser que também já estão no mercado: Ernst & Young, Delloite, KPMG, PwC, IBM, Samsung, Twitter, Amazon, Google e Facebook? A lista não para por aí: Fidelity, Société Générale, Santander, Deutsche Bank e Goldman Sachs também vieram para participar da festa.

Inclusive, aqui no Brasil, já existem instituições financeiras envolvidas com cripto também. Nomes como André Portilho, do BTG Pactual, e Rodolfo Riechert, da Brasil Plural, já molharam os pés nesse marzão. Cada um com suas respectivas iniciativas.

Temos ainda os fundos de investimento totalmente regulados que investem em cripto: da BLP (criados por Alexandre Vasarhelyi, Axel Blikstad e Glauco Cavalcanti) e da Hashdex (Marcelo Sampaio e Bruno Caratori), ambos multimercados acessíveis aos investidores de varejo.

Seria injusto da minha parte deixar de mencionar a XP Investimentos, por meio da XDEX, sua própria plataforma de negociação de bitcoins, que vai muito bem, obrigado.

Mesmo listando essa turma toda, tenho a certeza de que deixei passar alguém. O mercado cripto está em ebulição, mas acho que deu para pegar a ideia, né?

“Já existem modelos que comprovam que a inclusão de bitcoin no seu portfólio aumenta significativamente o potencial de retorno”

Mas por que raios alguém se envolveria com esse mercado?

Pergunta errada, amigão. O que você deveria estar se questionando, na realidade, é porque você ainda não deu o primeiro passo. Se os tubarões do mercado já estão montando suas estratégias, qual é a sua desculpa para não dedicar um pouco mais de tempo (e dinheiro) para estudar e se envolver com esses ativos?

Já existem modelos que comprovam que a inclusão de bitcoin no seu portfólio (ou no do seu cliente), apesar de aumentarem a volatilidade da carteira, aumentam significativamente o potencial de retorno (para os mais letrados em finanças, melhora o índice de Sharpe). Não sei se você gosta de aumentar a segurança e possivelmente ganhar mais dinheiro, mas, se gostar, a opção está aí.

Se decidir investir, de quebra você ainda ganha um ticket de acesso a um novo sistema financeiro para o caso de o atual virar pó por conta das práticas irresponsáveis de política monetária dos banqueiros centrais mundo afora (daí o aumento de segurança citado no parágrafo anterior).

Sério… Se depois de tudo o que você leu, ainda não entendeu que esse novo mercado veio para ficar e que já é parte integrante do sistema financeiro mundial, talvez não haja salvação para o seu caso. Você provavelmente será o próximo tiozão ou tiazona que vai perguntar para o sobrinho “O que é Facebook?”.

Enfim, te desejo toda a sabedoria do mundo para começar a olhar com mais carinho para essa nova classe de ativos e ampliar seus horizontes. E conte comigo para o que precisar.