Criptomoedas

Bitcoin faz 10 anos e ainda há muito para crescer

03 nov 2018, 9:44 - atualizado em 02 nov 2018, 21:45

Por Leandro França de Mello, editor da Cryptowatch

Já se passou uma década desde que o Bitcoin nasceu e, naquele tempo, tornou-se uma fonte de fascínio para investidores, especuladores, entusiastas e céticos em todo o mundo. O que não se tornou, no entanto, é a única coisa a que foi destinado a ser: um sistema de pagamentos.

O Bitcoin foi anunciado ao mundo em 31 de outubro de 2008, quando uma pessoa ou grupo usando o pseudônimo Satoshi Nakamoto divulgou um white paper de nove páginas descrevendo um “sistema de dinheiro eletrônico peer-to-peer”. O artigo esboçou uma forma de pagamento em uma plataforma digital que imitava transações em dinheiro – mas sem a necessidade do apoio do governo exigido às moedas tradicionais.

Depois de alguns anos, principalmente como um projeto de tecnologia, ele entrou no mainstream em torno de 2013. Histórias de fortunas da noite para o dia foram acompanhadas por histórias de traficantes de drogas e esquemas Ponzi. As ferramentas para usá-lo eram desajeitadas, mas o sistema funcionou. E com o bitcoin sendo negociado abaixo de US$200, muitas pessoas começaram a experimentar.

O Bitoin atualmente disputa mercado com outras mais de 2000 cryptomoedas. Seu volume de transação tem caído gradativamente no último ano. Como podemos ver no gráfico abaixo.

Nakamoto parou de escrever publicamente com esse nome em 2010, com o limite estabelecido. Os desenvolvedores líderes, como Gavin Andresen e Mike Hearn, argumentaram a favor da alteração do código do bitcoin para aumentar o limite, mas encontraram firme oposição à ideia. Sem a autoridade moral de Nakamoto, nenhum dos lados se moveria. Ambos relutantemente abandonaram seus papéis, com Hearn chamando o bitcoin de “experiência fracassada”.

Uma luta prolongada entre os desenvolvedores contribuiu para o curto-circuito do crescimento de pagamentos do bitcoin. A rede bitcoin foi construída de forma a processar apenas cerca de sete transações por segundo, uma limitação técnica inserida por Nakamoto. Se esse limite fosse atingido, os usuários poderiam pagar uma taxa voluntária para essencialmente ignorar a linha de sua transação.

A questão premente hoje para a rede do Bitcoin é a queda do volume de transações. Como podemos ver no gráfico abaixo.

O preço do bitcoin subiu em um rally fantástico em 2017, subindo de menos de US$ 1.000 para quase US$ 20.000 e atraindo uma multidão de investidores novatos. O aumento do tráfego na rede levou a gargalos generalizados, com as tarifas subindo até US$ 54 por transação no final de 2017. Nesse nível, o bitcoin era inútil para pequenas compras, e o aumento do preço apenas encorajava os acumuladores (hodlers).

A questão é que esse hype em torno do bitcoin também impulsionou outro rally: pela mineração. Milhões foram investidos em fazendas domésticas e semi profissionais, servindo somente a elevar os preços dos equipamentos e as ações da Bitmain. Que lançou um IPO esse ano em Hong Kong, alcançando volume recorde de valorização. Contudo, a dificuldade de mineração aumentou, os custos também, a obsolescência das máquinas também entrou na equação e as margens de lucro por sua vez caíram vertiginosamente com a atual cotação.

Minerar virou uma atividade industrial e na qual a geografia influi definitivamente no resultado. Há locais onde a mineração ainda é rentável. Leia mais aqui.

O gráfico abaixo mostra o aumento do poder do hash rate.

Com o aumento do hash rate, o custo de mineração aumentou demais corroendo as margens de lucro.

As taxas baixaram desde então, para menos de 50 centavos de dólar, em meio ao crash de 70% do preço do bitcoin de dezembro de 2017, mas o incidente prejudicou severamente a popularidade do bitcoin como um sistema de pagamentos.

Dell deixou de aceitar o bitcoin em 2017. A Expedia o abandonou em maio de 2018. A CheapAir ainda o aceita, mas as vendas de bitcoin no site estão presas abaixo de um dígito.

Os apoiadores do Bitcoin(nós) agora estão  apegados à tese de que não se trata de uma rede de pagamentos, mas uma reserva de valor. A maioria das exchanges de grande porte nos EUA estão cortejando investidores institucionais. A gestora financeira Fidelity Investments Inc. está se preparando para lançar uma mesa de operações para fundos de hedge.

“É uma versão milenar de uma conta bancária na Suíça, para cada pessoa no mundo”, disse Meltem Demirors, diretor de estratégia da CoinShares, empresa de serviços de investimento em cryptomoedas baseada no Reino Unido.

A questão que aflige os investidores institucionais é que, o Bitcoin não possui a maioria dos elementos de um tradicional ativo para reserva de valor, afirma  Fábio Nehme, investidor e estudioso do tema. Seu preço é volátil e a determinação de seu valor subjacente é difícil de ser avaliada ou valorada, para ser exato.

nquanto isso, as demais altcoins estão aí tentando ser o próximo bitcoin, e a tecnologia subjacente, o blockchain, está sendo aplicada a campos tão variados quanto gerenciamento de cadeia de suprimento, negociação de mercados de capital e votação. A maioria das aplicações, no entanto, ainda são apenas experimentos. Embora atraia mais interesse do mainstream e do mercado corporativo que as cryptomoedas em si.

“Eu sei que isso é uma boa frase”, disse Jeff Garzik, um dos primeiros desenvolvedores do bitcoin e CEO da Bloq, empresa de serviços de blockchain, “mas ainda é muito cedo”.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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