Bitcoin e a pandemia do coronavírus: a queda de uma geração
A Itália está em quarentena nacional e a Organização Mundial da Saúde (OMS) finalmente declarou o coronavírus como uma pandemia. Como resultado, investidores entraram em pânico e mercados acionários caíram conforme investidores correram para garantir dinheiro em espécie.
Grandes acontecimentos mundiais foram cancelados, como o festival SXSW, e suspensos, como a temporada da NBA, após um jogador ter sido infectado. Trump proibiu viagens a partir de diversos países na Europa e celebridades da telona como Tom Hanks e Rita Wilson testaram positivo.
Como consequência da atmosfera distópica, investidores estão entrando em pânico e os mercados de criptoativos estão seguindo a queda dos mercados acionários no grande êxodo de ativos de risco.
A queda de uma geração
Nas últimas 24 horas, o bitcoin caiu 47%, tornando o dia 12 no pior dia de desempenho da criptomoeda desde 2016, de acordo com o serviço de pesquisas sobre estatísticas de mercado Market Science.
$BTC #Bitcoin just closed its largest daily range % & worst performing day since 2016
Taking the 10 largest daily ranges, next day range average out to 16.41% indicating high volatility following these extreme days. 1-2 day returns are + following down days & – following up days pic.twitter.com/6OvPKd3COe
— Market Science (@marketsscience) March 13, 2020
Já que mercados globais começaram a entrar em colapso no dia 20 de fevereiro, agora o bitcoin caiu em quase 50%, o índice S&P 500 caiu mais de 25% e até mesmo ouro, ativo de refúgio tradicional, caiu em 2%.
A catálise para a queda do bitcoin é a mesma de outras classes de ativos: extrema incerteza sobre o coronavírus resultou em uma fuga para o dinheiro em espécie.
Há apenas algumas semanas, bitcoiners estavam celebrando o status de ativo de refúgio da criptomoeda após o preço ter se movido simultaneamente com ouro como consequência dos conflitos entre Irã e EUA.
Porém, agora, a narrativa de ativo de refúgio parece ter ido por água abaixo e até mesmo a narrativa positiva sobre o halving caiu por terra.
O sentimento de mudança é demonstrado pelas análises do mecanismo Google Trends, em que pesquisas pelo termo “bitcoin coronavírus” agora ultrapassam drasticamente as pesquisas por “bitcoin halving”.
O volume da venda do bitcoin parece ter sido direcionado por instituições que, provavelmente, estão buscando por liquidez por chamadas de margem em outras classes de ativos.
Conforme destacou o criptoinvestidor Mike Novogratz, nenhum ativo está imune à queda em tempos de crise.
How did $btc go from being a hedge against bad stuff to getting washed out and trading like a risk asset? When things go from bad, to very very bad like they did last week, investors take leverage down as fast as they can. They book profits to make up for other losses. Ouch.
— Michael Novogratz (@novogratz) March 1, 2020
“Quando as coisas vão de ruim a muito ruim assim como na semana passada, investidores derrubam a alavancagem o mais rápido que podem”, tuitou ele. “Eles registraram lucros para compensar pelas outras perdas. Ai.”
Essa ideia é apoiada por outros relatórios de corretoras, que sugerem que negociadores em varejo só totalizam uma pequena proporção dos vendedores.
72% of orders on Coinbase are Buys.
Looks like retail is mostly a buyer today so far.
Current word from trading desks is institutional selloff due to liquidity needs eg market makers who also make traditional equities / bonds markets need the cash. pic.twitter.com/SG3rCnnXYN
— Hunter Horsley (@HHorsley) March 12, 2020
72% das ordens na grande corretora varejista Coinbase foram ordens de compra durante a queda, de acordo com Hunter Horsley, CEO da BitWiseInvest.
95% das transações na corretora britânica CoinCorner também eram ordens de compra, de acordo com o CEO Danny Scott.
Only 5% of #Bitcoin transactions today on @CoinCorner are sells.
95% are buys. https://t.co/oCgqG6ZgzI
— Danny Scott ⚡ (@CoinCornerDanny) March 12, 2020
Enquanto isso, na BitMEX, corretora usada tanto por negociadores varejistas como institucionais, o preço das trocas perpétuas estava sendo negociado em até 10% menos do que o preço à vista, sugerindo que baleias na corretora estavam derrubando o preço do bitcoin.