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Bitcoin (BTC): Qual o futuro de El Salvador?

16 jul 2022, 18:00 - atualizado em 15 jul 2022, 15:07
Bitcoin El Salvador
(Imagem: REUTERS/Jose Cabezas)

El Salvador adotou o Bitcoin (BTC) como moeda corrente do país no dia 7 de setembro de 2021. Na época, a criptomoeda era cotada a uma média de US$ 46 mil dólares.

O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, disse que “como toda inovação, o processo do Bitcoin em El Salvador tem uma curva de aprendizado. Todo caminho para o futuro é assim e não conseguimos tudo em um dia, nem em um mês”.

Todavia, a “curva de aprendizado” mencionada pelo presidente aparenta não ter levado em conta a curva de preço do ativo digital, uma vez que atualmente a criptomoeda está sendo cotada a US$ 20 mil.

A questão levantada por muitos é: qual o futuro de El Salvador? Para buscar entender esse levantamento é preciso entender um pouco do que o país passou desde a adoção do Bitcoin. Confira:

O início de um sonho…

Uma das justificativas do presidente Nayib Bukele sobre promover a adoção da moeda digital, foi a de ser como uma forma de trazer mais salvadorenhos, cerca de 70% dos quais não têm contas bancárias, para a economia formal.

Segundo ele, o uso da criptomoeda tornaria mais rápido e barato obter remessas do exterior e poderia libertar a nação endividada do controle do sistema financeiro global tradicional.

No início, o governo comprou as primeiras 400 moedas a um valor de mercado de 21 milhões de dólares.

Além disso, foi disponibilizada a carteira virtual Chivo para celulares, carregada com um valor equivalente a 30 dólares em bitcoins para que o cidadão comece a operar.

O governo ainda instalou inicialmente 200 caixas eletrônicos Chivo no país para operar com bitcoins e dólares.

O anúncio foi feito durante o Bitcoin Conference, uma conferência sobre Bitcoin que ocorre anualmente em Miami.

Dias depois, enquanto o Congresso votava pela aprovação da medida, o presidente conversou com entusiastas de criptomoedas americanos em um hangout de mídia social.

Na opinião de Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, a tentativa do Bukele na adoção do Bitcoin tem relação com chamar a atenção pro país.

“Embora investir em bitcoin não seja interesse dos cofres públicos, [ao adotar a criptomoeda] ele atrai a mídia para que olhe para o bitcoin e que o mundo olhe para El Salvador. Então ganhou-se muito em marketing. A estratégia de colocar dinheiro público em cripto, por mais que questionável, foi esperta por atrair todo esse capital que está circulando em cripto para o país”, explica.

…Deu tudo certo!(?)

Entre o dia do anúncio de Bukele – 7 de setembro – e a máxima histórica da criptomoeda – novembro do ano passado -, o preço do bitcoin disparou mais de US$ 18 mil dólares, uma valorização de 38,6% em comparação à esse período de tempo.

El Salvador bitcoin
(Imagem: Google)

Em novembro de 2021, o bitcoin atingiu sua máxima histórica de US$ 68,789.63, e Bukele comemorou do seu próprio jeito. O presidente anunciou no evento LaBitconf – sediada pelo próprio país – a emissão de títulos em Bitcoin, que também foram apelidados de “Volcano Bonds”.

Neste mesmo evento, foi feito o anúncio da “Bitcoin City”, um lugar no país projetado para ter uma economia focada em Bitcoin (BTC), livre de impostos e abastecida pela energia geotérmica de vulcões.

No final de fevereiro de 2022, Samson Mow, executivo da empresa Blockstream – empresa que auxilia o país na emissão dos títulos – informou que o governo de El Salvador já teria US$ 500 milhões em promessas de compras para seus Bitcoin Bonds.

Porém, segundo Mow, El Salvador havia recebido US $ 500 milhões em “compromissos verbais” de compra – não seriam trata reservas reais. Mas o valor já representa 50% do total de US$ 1 bilhão que o país planejava arrecadar com os títulos.

“Juntem suas coisas, perdi o país”

Entretanto, a narrativa do mercado em relação ao bitcoin não é a mesma de Bukele. Para o mercado, não se trata de uma moeda de troca, ou sequer uma reserva de valor, e sim um ativo de risco.

Junto da piora no cenário de inflação global, e a migração de capital para renda fixa, todos os ativos considerados como de risco pelo mercado foram pressionados.

Até a metade de fevereiro deste ano, o bitcoin já havia desvalorizado 31,4%, e perdido cerca de US$ 20 mil dólares, desde sua alta histórica.

Bitcoin El Salvador
(Imagem: Google)

Em janeiro, no mês anterior, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia solicitado que El Salvador abandonasse a ideia sobre a criptomoeda ser usada para financiar títulos públicos ou ser usada como moeda de curso legal no país.

Em fevereiro deste ano, o banco Fitch Ratings classificou El Salvador como CCC, que indica um alto nível de risco de calote, ressaltando a perigosa proximidade do país a um débito em curto prazo e a recursos financeiros limitados.

Mesmo assim, o ministro das Finanças, Alejandro Zelaya, negou o risco por parte do governo do país. O ministro Zelaya informou que os títulos seriam lançados entre os dias 15 e 20 de março.

Contudo, no dia 23 de março, Zelaya informou que o governo estava esperando o momento certo para lançar os títulos.

Em seguida, no início de maio, o governo salvadorenho deu a entender que iria esperar o preço do Bitcoin subir para emitir os prometidos US$ 1 bilhão em títulos.

No começo de junho, os líderes de El Salvador comentaram não acreditar que ainda seria o momento certo para lançar os aguardados títulos, conforme disse o ministro das finanças, Alejandro Zelaya, em entrevista para um programa televisivo local.

O ministro citou as condições do mercado, após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Apesar das críticas de órgãos internacionais, Tasso Lago comenta que El Salvador já tinha uma situação econômica bem debilitada e com essa iniciativa os olhares se voltam para o país, podendo atrair investidores e empresas.

“Eu vejo como positivo. Inclusive no final do ano terá um congresso de cripto em El Salvador. Existe muito capital circulando no mercado cripto, e pode vir para El Salvador para gerar emprego e desenvolver o país”, diz.

Fazendo (preço) média

Enquanto isso, o presidente de El Salvador aproveitava cada baixa no preço do ativo para abocanhar mais um pouco. Mesmo assim, Bukele vem comprando desde a alta histórico e ainda está com o caixa em prejuízo.

A aquisição mais recente do governo foi no começo deste mês, quando a criptomoeda caiu abaixo de US$ 20 mil e o presidente colocou mais 80 BTC no seu carrinho público.

Naquele momento, antes da aquisição, El Salvador já estava sofrendo uma queda -53% em sua posição de Bitcoin com um preço médio de compra de $ 45.908. Agora, o preço médio do país está em US$ $43,000.

O gestor diz que Bukele está comprando de forma correta. “O Dollar Cost Average (preço médio, ou DCA) é uma boa estratégia e para quem está operando com capital público é bem inteligente.”

Nayib bukele el salvador bitcoin
Gráfico do preço médio de compra de bitcoin, conforme compras feitas por Bukele. (Imagem: Twitter)

El Salvador pode quebrar?

A pergunta que muitos fazem é se o país corre a chance de sofrer uma bancarrota.  Lago relembra que o país já recorreu ao FMI, e que, naturalmente, o seu índice Credit Default Swap (CDS) é muito grande, então a probabilidade desse cenário é maior do que os demais países.

O CDS é um título derivativo do mercado financeiro que tem o objetivo de evitar a inadimplência nas operações de crédito, o que faz o seu funcionamento ser muito similar ao de um seguro.

“Mas não por causa do bitcoin, porque o país já estava em fragilidade econômica”, reforça o gestor.

Para ele, por ter adotado bitcoin na vanguarda, El Salvador pode passar por uma virada de chave na sua vida como país para um cenário mais próspero, e isso graças ao desenvolvimento cripto que pode chegar devido a abraçar esse mundo das criptomoedas.

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Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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