Biosev tem perda trimestral de R$ 304,3 milhões
A Biosev, uma das maiores processadoras de cana do mundo, registrou prejuízo líquido trimestral de 304,3 milhões de reais, quase o dobro do verificado no mesmo período do ano passado, com o resultado financeiro negativo crescendo 145%, para 738,6 milhões de reais, informou a empresa nesta terça-feira.
A companhia, que tem 88,4% de sua dívida em dólar, indicou que o resultado foi impactado principalmente pela variação cambial, por menores volumes de venda de açúcar e por redução de ganhos com a marcação a mercado e liquidação de operações com derivativos.
O braço de açúcar e etanol da companhia do agronegócio Louis Dreyfus fechou o período com dívida líquida de 5,6 bilhões de reais, alta de 4,1% em relação ao valor registrado no mesmo período na safra passada, com impacto da desvalorização do real frente ao dólar.
Questionado sobre o endividamento em moeda estrangeira, que tem impactado o resultado da companhia, o diretor financeiro da Biosev, Gustavo Theodozio, disse que a empresa não começou nenhuma negociação com os bancos para reduzir a parcela dolarizada da dívida.
Mas ele observou que a companhia entende que “dá para ter um balanceamento melhor entre real e dólar, ficando menos exposto a câmbio”.
“Os custos da dívida estão em linha com os do mercado, o que impacta é a depreciação do real, como o câmbio está indo para 4,17 reais, e a minha dívida é em dólar…”, disse ele, em entrevista à Reuters.
O presidente-executivo da Biosev, Juan Jose Blanchard, chamou a atenção para o aumento de 9% da moagem de cana empresa no trimestre, o que permitiu uma alta de 8% na produção de etanol, para 600 milhões de litros, além de avanço de 1,6% na fabricação de açúcar, a 614 mil toneladas.
A moagem cresceu em meio à maior produtividade agrícola, destacou.
“Isso se deve ao trabalho muito forte na entressafra… ano passado teve muitas paradas, este ano o clima seco ajudou”, comentou.
Com maior produção de etanol, as vendas do biocombustível no trimestre somaram 758,2 milhões de reais, aumento de 13% na comparação anual, enquanto a comercialização de açúcar da Biosev no trimestre caiu 9,2%, para 631,8 milhões de reais.
Nova safra, novo mix
Após elevar o mix de cana para a produção de etanol, mais rentável que o açúcar, para 61,3% no trimestre, a Biosev já visualiza uma safra menos alcooleira em 2020/21, na medida em que o mercado açucareiro global caminha para um déficit.
A diretora comercial da Biosev, Dorothea Soule, estimou os preços do açúcar no ano que vem, no mercado de referência de Nova York, entre 12,50 e 14 centavos de dólar por libra-peso, ante cerca de 12,50 centavos atualmente.
“Acima de 14 teria muita produção no Brasil, tem uma capacidade represada de 10 milhões de toneladas, e também incentivaria exportação na Índia”, disse ela.
No trimestre, a companhia investiu 174,8 milhões de reais, redução de 6% ante o mesmo período da safra passada, quando os aportes foram maiores devido expansão da capacidade do mix alcooleiro, principalmente nas plantas localizadas em Mato Grosso do Sul.