Meio Ambiente

Biomas brasileiros perderam equivalente a uma Espanha de cobertura natural entre 2000 e 2018, diz IBGE

24 set 2020, 11:10 - atualizado em 24 set 2020, 11:10
Amazônia
Segundo o IBGE, em 2000, a floresta amazônica tinha uma extensão de 3.684.512 km², mas, em 2018, essa cobertura baixou para 3.414.711 km² (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os diferentes biomas terrestres do Brasil perderam, entre 2000 e 2018, cerca de 500.000 km², equivalente à extensão territorial da Espanha, de cobertura natural, segundo uma pesquisa do IBGE que apontou que, apesar de haver uma redução no ritmo nos últimos anos do levantamento, Amazônia e Cerrado foram os biomas que tiveram as maiores perdas.

O levantamento Contas de Ecosistemas: Uso da Terra nos Biomas Brasileiros (2000 a 2018) revelou que a redução de áreas naturais na Amazônia e no Cerrado somou 269,8 mil km² e 152,7 mil km², respectivamente.

Levando-se em conta somente a redução florestal na região amazônica, o número atingiu aproximadamente 265,1 mil km², o equivalente a cerca de 26,5 milhões de campos de futebol.

Segundo o IBGE, em 2000, a floresta amazônica tinha uma extensão de 3.684.512 km², mas, em 2018, essa cobertura baixou para 3.414.711 km².

A área antropizada na Amazônia, onde há ocupação do homem, exercendo atividades sociais, econômicas e culturais sobre o ambiente, subiu quase 60% entre 2000 e 2018, passando de 450.865 km² para 720.599 km².

Entre 2000 e 2018, a Amazônia perdeu quase 8% de sua cobertura florestal, substituída, principalmente, por áreas de pastagem com manejo, que passaram de 248,8 mil km², em 2000, para 426,4 mil km² da Amazônia, em 2018.

“Nesse período, a vegetação florestal foi reduzida em 265.113 km², valor que representa a maior redução de coberturas naturais dentre os biomas brasileiros no período analisado”, disse o IBGE.

“No total, 50,2% de todas as mudanças observadas no Bioma Amazônia decorreram da conversão de outras classes de uso da terra para pastagem com manejo, e 31% se refere a conversões de vegetação florestal para mosaico de ocupações em área florestal”, diz o estudo do IBGE.

“O Bioma Amazônia apresentou, nesse período, um aumento de 71,4% na área de pastagem com manejo, e de 288,6% na área agrícola, essa última, principalmente, entre os anos 2012 e 2014”, disse o IBGE.

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Nesse período, a vegetação florestal foi reduzida em 265.113 km² (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)

De acordo com o estudo, após 2012, cerca de 43% das novas áreas agrícolas decorreram da conversão de áreas de pastagem com manejo.

“Por isso, é importante notar o gradual crescimento da área agrícola na região, o qual se manteve contínuo ao longo dos anos, passando de uma área de 17.073 km², em 2000, para 66.350 km², em 2018.

Assim, esse bioma respondeu por 74,0% e 23,9% do crescimento, respectivamente, das classes de pastagem com manejo e área agrícola em relação ao total do Brasil entre 2000 e 2018”, acrescenta o levantamento do IBGE.

Por outro lado, palco recente de muitos focos de incêndio ainda não debelados e controlados, o Pantanal foi o bioma que apresentou os menores decréscimos de áreas naturais, tanto em termos absolutos (2.100 km²) quanto percentuais (1,6%) “o que retrata um menor dinamismo nas conversões de usos nessa região do país”, segundo o IBGE.

A maior perda percentual ocorreu no Bioma Pampa, onde 16,8% de sua área natural foi convertida em usos antrópicos.

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