Biogás: impacto da queda da carga de energia não será forte, mas projetos podem ser atrasados
O setor de biogás ainda não sente de forma expressiva, e talvez nem sentirá, o impacto ocasionado pela diminuição acentuada da atividade econômica desde a semana passada. A queda da carga de energia elétrica, para onde se destina a maior parte do processamento de commodities energética, é expressiva, mas a geração dessa matriz é pequena.
Money Times mostrou que a cogeração de energia nas usinas de açúcar e etanol foi impactada nos valores pagos na exportação para o sistema elétrico e é da cana que vem cerca de 40% da matéria-prima do biogás, segundo a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás).
“Com certeza o cenário poderá ficar mais difícil e possa atrasar alguns projetos”, observa Alessandro Gardemann, presidente da entidade, olhando especialmente o setor sucroenergético. Queda nos preços do petróleo e reflexos no etanol e açúcar são esperados pelo mercado.
Uma unidade processadora de biogás em uma usina média de 2 milhões de toneladas de cana começa a partir de R$ 50 milhões e pode chegar a R$ 100 milhões se a capacidade de produção de gás for a máxima.
A Raízen prevê entregar uma unidade em julho ou agosto e Gardemann lembra ainda de projetos bem adiantados da Usina Cocal, em Paraguaçu Paulista (SP) e da Adecoagro em Ivinhema (MS). Estes o presidente da ABiogás não acredita que possa sofrer atrasos.
Na carteira do setor, a ABiogás estima cerca de R$ 700 milhões em projetos futuros, incluindo muita coisa a mais de resíduos de alimentos (biometano) na formação de aterros.
É importante, também, que o “BNDES mantenha as linhas abertas para financiamento”, inclusive como tem prometido o governo desde que a pandemia se abateu com tudo no Brasil, defende Alessandro Gardemann, CEO da Geo Energética, com sede em Londrina (PR), que opera uma planta alinhada ao setor sucroenergético no Norte do Paraná.
É uma das cerca de 400 unidades, entre todos os resíduos, por todo o país, a maioria médias e pequenas.