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Biofarmacêutica Bristol Myers planeja diversificar ensaios com US$ 300 milhões

12 ago 2020, 11:24 - atualizado em 12 ago 2020, 11:24
Coronavirus
O foco principal será melhorar a diversidade na participação em ensaios clínicos, disse o diretor-presidente da empresa, Giovanni Caforio, em entrevista (Imagem: Reuters)

A Bristol Myers Squibb irá treinar centenas de investigadores clínicos de diferentes raças e etnias e criar unidades de ensaios em comunidades carentes como parte da iniciativa multimilionária para melhorar a forma como atende às minorias.

Os compromissos combinados de US$ 300 milhões são parte de um amplo programa de cinco anos para expandir esforços de diversidade e inclusão anunciados na quarta-feira pela farmacêutica e por sua fundação.

O foco principal será melhorar a diversidade na participação em ensaios clínicos, disse o diretor-presidente da empresa, Giovanni Caforio, em entrevista.

O setor farmacêutico há muito tempo está no radar pela sub-representação de participantes negros e latinos em testes clínicos. Recentes protestos por justiça racial nos Estados Unidos reforçaram essas críticas.

E a lacuna de diversidade voltou a chamar a atenção: embora a Covid-19 tenha afetado desproporcionalmente comunidades de pessoas não brancas, estudos de possíveis tratamentos e vacinas até agora se basearam principalmente em grupos de testes com voluntários brancos.

“Devido às desigualdades trazidas à tona pela Covid, juntamente com os eventos sociais ocorridos nos últimos meses, entendemos que era um ponto de inflexão”, disse Caforio. “Decidimos que também precisava ser um ponto de inflexão para nós.”

A confiança entre pacientes e pesquisadores de saúde pode ser prejudicada quando não há vínculo com a comunidade local, de acordo com Ivelyse Andino, empreendedora de tecnologia da saúde que iniciou sua carreira na indústria farmacêutica.

Sua empresa, a Radical Health, trabalha com o Mount Sinai Health System para treinar estudantes de medicina sobre como tratar residentes de sua própria vizinhança.

“Seja no Bronx ou nos Apalaches, não temos pesquisadores e provedores suficientes que espelhem sua própria comunidade”, afirmou.

A Bristol Myers, com sede em Nova York, planeja adotar uma abordagem de base para conseguir isso, treinando e desenvolvendo 250 investigadores clínicos de raças e etnias diversas por meio de um programa de bolsa de estudos de cinco anos.

Executivos do alto escalão da empresa acreditam que, com isso, os participantes dos ensaios irão refletir melhor a composição do país, o que deve levar a melhores resultados para pessoas com alto índice de doenças.

“Há um elemento realmente crítico de confiança que pode ser construído por meio de um relacionamento com um investigador diverso”, disse Caforio.

“Isso poderia ter um impacto realmente significativo a longo prazo, especialmente para um paciente negro ou alguém que não teve acesso gratuito e bem organizado ao sistema de saúde”.

A Bristol Myers quer aumentar em 25% o número de centros de ensaios em comunidades carentes que incluam áreas urbanas e rurais dos EUA em 2021, de acordo com o diretor médico, Samit Hirawat.

“O local onde o paciente mora não deve ditar se ele pode participar de um ensaio clínico ou não”, disse Hirawat.

No mês passado, a Bristol Myers contratou dois diretores independentes para o conselho da empresa – Paula A. Price e Derica W. Rice. Com isso, a Bristol saiu da lista de grandes empresas sem um único membro negro no conselho.

A empresa também planeja aumentar os gastos com empresas diversas que pertencem a minorias globalmente para US$ 1 bilhão até 2025, de acordo com o anúncio de quarta-feira. Isso inclui identificar e colaborar com novos fabricantes terceirizados, organizações de pesquisa e fornecedores de ingredientes farmacêuticos, disse Caforio.