Bill Gates e ex-baixista querem transformar assistência médica
Jonathan Sudharta era um estudante briguento e nada brilhante que tocava em uma banda de rock. Os amigos de seu pai, um magnata que construiu a própria fortuna, temiam que um dia o filho assumisse o negócio de assistência médica da família, sob o risco de levar a empresa à falência.
No entanto, em 2016, aos 34 anos, Sudharta cofundou uma startup que atraiu o interesse da Fundação Bill & Melinda Gates, tornando-se o primeiro investimento da organização em uma plataforma on-line de assistência médica.
A startup de Sudharta, chamada Halodoc, tenta resolver um dos maiores problemas da medicina: em um mundo com poucos médicos e centenas de milhões de pessoas sem acesso adequado às clínicas, como os pacientes podem obter o diagnóstico e os medicamentos de que precisam de forma rápida e barata?
“Alguém vai resolver os cuidados primários de saúde centrados no paciente do século 21, e achamos que a Halodoc tem enorme potencial para fazer isso”, disse David Rossow, sócio-fundador do Fundo de Investimentos Estratégicos da Fundação Gates, em Londres.
Gates, cofundador da Microsoft, tem feito investimentos pesados no combate a doenças específicas, como a promessa destinar US$ 1 bilhão para eliminar a malária. No entanto, o desafio para grande parte dos países em desenvolvimento é como obter assistência médica no dia a dia, e não apenas para uma única doença.
Cerca de 40 milhões de pessoas usam o aplicativo ou o site da Halodoc para acessar uma rede de mais de 22 mil médicos licenciados na Indonésia para uma consulta on-line. Sudharta disse em entrevista que pretende aumentar esse número para 100 milhões de pessoas até 2020 — mais de um em cada três indonésios. Uma vez que tenham um diagnóstico, os pacientes podem comprar remédios por meio do aplicativo em uma das mais de 1.000 farmácias e obtê-los rapidamente com entregas por motocicleta ou patinete.
A Halodoc, avaliada em cerca de US$ 350 milhões segundo pessoas com conhecimento das finanças da startup, também oferece exames de sangue e urina em casa realizados por um profissional de saúde, com os resultados enviados pelo aplicativo. Se necessário, os pacientes podem usar o site para agendar consultas pessoalmente com um médico em um hospital.
Poucos lugares poderiam obter mais benefícios de um novo sistema de saúde conectado a dispositivos móveis do que a Indonésia. Com uma população de 260 milhões espalhada por mais de 17 mil ilhas, o país tem apenas 2 médicos para cada 10 mil pessoas, perdendo na proporção de 8 para cada 10 mil, da Índia, e de 26 dos Estados Unidos, segundo o Banco Mundial.
Apesar dos esforços do governo, ainda existem muitos gargalos em infraestrutura e serviços, com engarrafamentos em grandes cidades como Jacarta e instalações públicas que, muitas vezes, operam além da capacidade. Muitas pessoas ganham a vida guardando lugar na fila para outras.