Internacional

Biden recua em teto para petróleo russo com volatilidade

27 out 2022, 9:59 - atualizado em 27 out 2022, 9:59
Presidente da Rússia Vladimir Putin
Putin disse que a Rússia não venderá petróleo a ninguém que participe do teto de preços dos EUA e da UE, uma ameaça que as autoridades americanas já consideraram vazia, mas que agora é vista como viável (Imagem: Sputnik/Gavriil Grigorov/Pool via REUTERS)

Os EUA foram forçados a recuar em um plano para impor um teto de preço ao petróleo russo diante de ceticismo dos investidores, volatilidade no mercado e esforços de conter a inflação.

Em vez de tentar diminuir as receitas do Kremlin com um limite estrito que seria observado por um amplo “cartel de compradores”, os EUA e a União Europeia provavelmente se contentarão com um teto menos policiado e mais alto do que era previsto, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. Apenas as nações do G7 e a Austrália se comprometeriam a cumprir o acordo.

A Coreia do Sul também disse em particular às nações do G7 que pretende aderir, disseram as pessoas. Oficiais do G7 também tentam trazer a Nova Zelândia e a Noruega para o pacto. Mas está claro que Índia e a China, os parceiros comerciais mais importantes da Rússia, não participarão, disseram.

Sob uma versão anterior do plano, liderado interna e externamente pela secretária do Tesouro Janet Yellen, um teto na faixa de US$ 40 a US$ 60 por barril estava sendo considerado, com alguns funcionários ansiosos em manter o limite o mais próximo possível do limite inferior para atingir o objetivo principal de reduzir o fluxo de caixa da Rússia.

Mas agora, as autoridades envolvidas nos planos estão discutindo um teto no limite mais alto da faixa, ou acima, embora algumas autoridades da UE acreditem que isso permitiria ao Kremlin continuar a obter uma receita considerável com as vendas.

As pessoas familiarizadas com o assunto pediram para não serem identificadas porque os termos do acordo ainda estão em discussão.

“A Casa Branca e o governo estão mantendo o rumo da implementação de um teto de preço eficaz e forte para o petróleo russo em coordenação com o G7 e outros parceiros”, disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, em comunicado. “É a maneira mais eficaz de garantir que o petróleo continue a fluir para o mercado a preços mais baixos e afete fortemente a receita de Putin para financiar sua guerra.”

Em resposta a um pedido de comentário, um alto funcionário do Tesouro disse que os EUA nunca discutiram uma faixa para o teto de preço com aliados.

Estima-se que a Rússia faturou US$ 15 bilhões com vendas de petróleo em setembro, ajudando a alimentar sua máquina de guerra na Ucrânia. É um fluxo de dinheiro que os líderes dos EUA e da Europa tentam conter desde que o presidente russo Vladimir Putin ordenou a invasão.

Mas em um mercado global dominado por países sem governos democráticos, liderados pela Arábia Saudita, a mecânica de um teto de preço estabelecido por países compradores e destinado a um único produtor corre o risco de ser muito complicado de alcançar.

O Brent, barril de referência global, foi negociado em torno de US$ 96 na quarta-feira. Ele subiu para mais de US$ 139 no início de março, após a invasão russa. Variações extremas de preços este ano reduziram a liquidez nos mercados de commodities, o que, por sua vez, gerou novas oscilações de preços.

O Departamento do Tesouro dos EUA diz que estabelecer um teto de preço mais alto pode ajudar a manter o abastecimento russo no mercado e ao mesmo tempo reduzir a receita de Moscou.

Putin disse que a Rússia não venderá petróleo a ninguém que participe do teto de preços dos EUA e da UE, uma ameaça que as autoridades americanas já consideraram vazia, mas que agora é vista como viável.

O alto funcionário do Tesouro afirmou que o governo Biden sempre soube que Putin poderia retaliar.

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