Internacional

Biden quer retomar laços com a OMS após posse

20 jan 2021, 9:36 - atualizado em 20 jan 2021, 9:36
Joe Biden
O novo governo planeja participar da reunião do conselho executivo da OMS nesta semana com Fauci (Imagem: Reuters/Kevin Lamarque)

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja tomar medidas imediatas na quarta-feira após sua posse para retornar à Organização Mundial de Saúde. E planeja enviar o especialista Anthony Fauci para falar ao grupo em um claro repúdio ao desdém de Donald Trump durante a pandemia de coronavírus.

O novo governo planeja participar da reunião do conselho executivo da OMS nesta semana com Fauci, o maior especialista em doenças infecciosas dos EUA, que vai chefiar a delegação.

Assim que os EUA retomarem seu compromisso com a OMS, o governo dos EUA trabalhará com o órgão para fortalecer e reformar o grupo, de acordo com informações divulgadas pela equipe de transição de Biden.

Trump anunciou em maio que os EUA sairiam da OMS porque, segundo ele, a organização mostrava deferência indevida à China e falhou em fornecer informações precisas sobre o coronavírus. Trump sempre criticou a organização e também menosprezou Fauci publicamente, limitando seu papel nos últimos meses.

Ao anunciar essas mudanças, Biden destaca que pretende se apoiar na ciência para reverter a rejeição de Trump em relação às estratégias de mitigação do coronavírus e cooperação internacional para combater a pandemia.

Os Estados Unidos eram o maior contribuinte da OMS, com US$ 400 milhões a US$ 500 milhões em contribuições obrigatórias e voluntárias, e a decisão de Trump no ano passado atraiu duras críticas do Congresso, bem como de aliados na Europa. A OMS tem se engajado no combate ao coronavírus, especialmente em países pobres.

O presidente eleito disse que pretende assinar uma ordem executiva exigindo máscaras e distanciamento físico em todos os prédios federais – incluindo prédios de escritórios do governo -, bem como em territórios federais e por funcionários federais e terceirizados na tentativa de conter a propagação do coronavírus. Biden disse que a medida faz parte do “desafio das máscaras de 100 dias” para que os americanos usem máscaras em público.

“Esta não é uma declaração política; trata-se da saúde de nossas famílias e da recuperação econômica de nossa nação”, disse Jeff Zients, que será o coordenador da resposta da Covid do novo governo.

Biden deve assinar outra ordem nos próximos dias exigindo máscaras em trens e aviões, que também estão sob jurisdição federal.

Inversão de abordagem

A abordagem representa uma reversão da postura de Trump, que entrou em conflito com autoridades de saúde pública, às vezes lançando dúvidas sobre os benefícios do uso de máscaras e geralmente se recusando a usá-las.

Na terça-feira, enquanto as mortes nos EUA chegavam a 400 mil, o maior número de óbitos por Covid-19 do mundo, Antony Blinken, indicado por Biden para secretário de Estado, sinalizou que a disputa dos EUA com a OMS pode estar perto do fim.

Também disse que os EUA vão participar da Covax, a iniciativa de 92 países que busca distribuir vacinas contra a Covid-19 ao redor do mundo. Embora a o governo Trump tenha injetado cerca de US$ 18 bilhões para o desenvolvimento de vacinas e medicamentos por meio da Operação Warp Speed, não quis participar da Covax.

O programa planeja distribuir cerca de 2 bilhões de doses no mundo todo até o final de 2021. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, cuja agência lidera a Covax junto com a Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias e a aliança global de vacinas Gavi, mostrou preocupação com o fato de fabricantes de medicamentos estarem priorizando países mais ricos para a liberação e distribuição de vacinas. Isso pode atrasar a distribuição pela Covax.

A participação dos EUA pode ajudar a fortalecer o programa de acesso equitativo às vacinas. A China é uma das nações parceiras e, embora suas vacinas não estejam entre as adquiridas pela Covax, a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech disse que apresentou dados sobre sua vacina para pré-qualificação. A União Europeia também apoia o plano.

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