Biden pede fim de “guerra incivil” ao tomar posse como presidente dos EUA
O democrata Joe Biden tomou posse como presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira, prometendo acabar com a “guerra incivil” em um país com profundas divisões políticas, a economia abalada e uma pandemia de coronavírus que matou mais de 400.000 norte-americanos.
Com a mão em uma Bíblia que está em sua família há mais de um século, Biden fez o juramento presidencial diante do presidente da Suprema Corte dos EUA, John Roberts, logo após o meio-dia (14h em Brasília), jurando “preservar, proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos”.
“A América foi testada de novo, e a América está à altura do desafio”, disse Biden ao iniciar seu discurso de posse. “Hoje celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa: a causa da democracia… Nesta momento, meus amigos, a democracia prevaleceu.”
Biden, de 78 anos, se tornou o presidente dos Estados Unidos mais velho da história em uma cerimônia de posse em Washington que foi em grande parte despojada de pompa e circunstância habitual, devido ao coronavírus e às preocupações com a segurança após o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio por apoiadores do então presidente Donald Trump.
Trump desrespeitou um último protocolo em seu caminho antes de deixar a Casa Branca quando se recusou a se encontrar com Biden ou comparecer à posse de seu sucessor, rompendo com uma tradição política vista como ratificação da transferência pacífica do poder.
Trump, que nunca admitiu a derrota na eleição de 3 de novembro, não mencionou Biden pelo nome em suas declarações finais como presidente na manhã de quarta-feira, quando ele exaltou o histórico de seu governo e prometeu voltar “de alguma forma”. Ele embarcou no Air Force One pela última vez e foi para seu retiro em Mar-a-Lago, na Flórida.
Importantes republicanos, incluindo o vice-presidente Mike Pence e os líderes do partido no Congresso, compareceram à posse de Biden, juntamente com os ex-presidentes dos Estados Unidos Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton.
A companheira de chapa de Biden, Kamala Harris, filha de imigrantes da Jamaica e da Índia, se tornou a primeira pessoa negra, a primeira mulher e a primeira pessoa asiático-americana a servir como vice-presidente, depois de ter prestado juramento diante da juíza da Suprema Corte Sonia Sotomayor, a primeira latina a integrar o tribunal.
Biden assume o cargo em um momento de profunda inquietação nacional, com o país enfrentando o que seus assessores descreveram como quatro crises agravantes: a pandemia, o abalo econômico, as mudanças climáticas e a desigualdade racial. Ele prometeu ação imediata, incluindo uma série de decretos já em seu primeiro dia no cargo.
Após uma campanha amarga marcada pelas alegações infundadas de fraude eleitoral de Trump, Biden adotou um tom conciliador em seu discurso, pedindo aos norte-americanos que não votaram nele que lhe dessem a chance de ser seu presidente também.
“Superar esses desafios para restaurar a alma e garantir o futuro da América exige muito mais do que palavras. Requer a mais elusiva de todas as coisas em uma democracia: a união”, disse.
“Devemos acabar com esta guerra incivil que opõe vermelho contra azul, rural contra urbano, conservador contra liberal. Podemos fazer isso — se abrirmos nossas almas ao invés de endurecer nossos corações.”
A cerimônia desta quarta-feira ocorreu diante de um Capitólio fortemente protegido, depois que uma multidão de apoiadores de Trump invadiu o prédio há duas semanas, motivados pelas falsas alegações do então presidente de que a eleição foi roubada. Cinco pessoas morreram no ataque.
(Atualizada às 15h04)