BHP não desiste de combustível fóssil em seu futuro mais verde
A BHP Group diz que está se livrando de minas de carvão térmico para se preparar para um futuro com menor emissão de poluentes.
Mas a empresa ainda conta com os combustíveis fósseis para tocar seus negócios por mais uma década.
A maior mineradora do mundo está acelerando a venda ou desmembramento de participações em minas na Austrália e Colômbia e planeja eliminar duas operações de carvão de coque e uma fatia de uma joint venture de petróleo e gás com a Exxon Mobil. Os anúncios vieram na terça-feira, quando a empresa divulgou o lucro anual.
O CEO Mike Henry iniciou uma transição de longo prazo do portfólio da BHP para se beneficiar da crescente demanda por energias renováveis, alimentos e veículos elétricos por meio da expansão das operações de cobre, níquel e potássio.
Paralelamente, a BHP quer lucrar com a migração do setor siderúrgico da China para matérias-primas de maior qualidade e com um mercado de petróleo que, segundo o executivo, já superou os maiores riscos relacionados ao vírus.
“Haverá mais demanda e mais espaço para valorização do carvão de coque mais duro e de maior qualidade, então seguimos comprometidos com esse núcleo do nosso portfólio”, disse Henry em entrevista à Bloomberg Television. “Há grande valor e retornos a serem gerados com o petróleo no futuro próximo, certamente na próxima década e provavelmente depois disso.”
A BHP continuará produzindo o minério de ferro responsável pela maior parte do lucro e pretende aumentar a produção embora os preços estejam se distanciando do maior patamar em quase um ano, disse Henry.
O salto de um terço na cotação do minério de ferro de referência este ano ajudou a aliviar o impacto da pandemia de Covid-19 sobre balanço anual.
Há mais de um ano, a mineradora vem estudando como se livrar da mina de carvão térmico de Mt. Arthur, na Austrália, e de uma fatia de um terço da colombiana Cerrejon e rejeitou algumas ofertas iniciais, informaram no mês passado pessoas familiarizadas com o assunto.
Os processos para saída dessas minas e de um empreendimento de carvão de coque com a Mitsui via trocas comerciais ou separação em uma entidade listada vão avançar.
“Vamos encontrar a solução certa em um ou dois anos”, disse Henry durante a entrevista. A BHP e rivais, como a Anglo American, querem se livrar das operações de carvão térmico à medida que os investidores mostram mais desconforto com grandes corporações que atuam na extração do combustível mais poluente.
O fundo soberano da Noruega, com US$ 1 trilhão, avisou que vai parar de investir em companhias que juntas extraem mais de 20 milhões de toneladas de carvão térmico por ano. A BlackRock também informou que vai reduzir sua exposição ao combustível.
Com a queda de preços do carvão térmico, cerca de dois terços do volume transportado por navios dão prejuízo. Além disso, há incerteza sobre a política da China para a importação de carvão com fins energéticos.
A BHP planeja vender a participação de 50% na Bass Strait, sua joint venture de petróleo e gás com a Exxon no sudeste da Austrália.
A Exxon avisou em setembro que deseja sair do empreendimento. “Nós tentaremos desinvestir ativos de petróleo e gás que estão maduros ou propensos a gerar maior valor com outro proprietário”, afirmou Henry na demonstração de resultados.
A empresa pode detalhar no mês que vem metas mais ambiciosas para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa.