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Beyond Meat dispara após IPO, mas será que a empresa resistirá à concorrência?

09 maio 2019, 14:18 - atualizado em 09 maio 2019, 14:18
Ação já deu no que tinha que dar e está vulnerável a sofrer uma correção, disse o analista

Por Haris Anwar/Investing.com

Os investidores que compraram as ações da Beyond Meat Inc. (NASDAQ:BYND) em seu IPO têm toda a razão para ficar orgulhosos. A ação saltou quase 200% desde que a fabricante de hambúrgueres de origem vegetal levantou US$ 240 milhões em sua bem-sucedida oferta inicial de ações, no dia 2 maio.

A demanda por suas ações foi tão grande que sua estreia na NASDAQ, na última sexta-feira, foi a melhor entre os IPOs que arrecadaram US$ 200 milhões ou mais desde antes da crise financeira de 2008, de acordo com dados da Bloomberg.

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A oferta inicial dos papéis da Beyond Meat teve preço de US$ 25 por ação, o topo da faixa de US$ 23-25, fazendo com que a empresa fosse avaliada em quase US$ 1,5 bilhão. Ao preço de abertura de U$ 68,84 na segunda-feira, a capitalização de mercado da companhia disparou para US$ 3,97 bilhões depois de apenas três dias de negociação. As ações encerraram o pregão de anteontem com valorização de 12%, negociadas a US$ 74,79.

Gráfico Hora de Beyond Meat

Estratégia de marketing inteligente

O que tem de especial essa fabricante de hambúrgueres e salsichas de origem vegetal, sediada em El Segundo, Califórnia, a ponto de atrair investidores como Bill Gates e Leonardo DiCaprio em seus primeiros dias? O público-alvo da Beyond Meat são consumidores que procuram um substituto da carne animal, mas sem perder o bom sabor e o aspecto do produto. O maior atrativo da Beyond Meat é que seus produtos possuem sabor, cheiro, textura e aparência extremamente parecidos com os da carne de verdade.

Para a sorte da Beyond Meat, o mercado de substitutos da carne avaliado em US$ 878 milhões por ano não para de crescer, permitindo que grandes empresas do setor alimentício, como a própria Beyond Meat e a Impossible Foods Inc., de capital fechado, preenchessem as lacunas existentes. Para capturar essa grande oportunidade de mercado, a Beyond Meat desenvolveu três produtos de origem vegetal que se alinham às maiores categorias de carne no mundo: carne bovina, suína e de aves.

Mas o que fez com que os produtos da Beyond Meat se destacassem em 11.000 supermercados norte-americanos foi a inteligente estratégia de marketing da companhia que buscou se posicionar no espaço de prateleira onde o público geral procura carne, em vez de recorrer ao público vegano, que corresponde a menos de 5% da população americana.

A receita crescente da companhia sugere que os consumidores de carne nos EUA provavelmente são seus clientes. De apenas US$ 8,8 milhões em 2015, o lucro líquido da Beyond Meat saltou para US$ 56,4 milhões nos primeiros nove meses do ano fiscal de 2018, de acordo com o prospecto da empresa. Esse número é 167% maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior.

A história parece ser ótima e bastante promissora para quem adquiriu as ações da Beyond Meat durante sua fase de IPO ou na sua estreia na bolsa. Mas, olhando para o futuro, essa trajetória de crescimento não será totalmente tranquila, em nossa visão.

Risco de concorrência

Primeiro, o mercado da Beyond Meat não possui barreira muito grandes de entrada. Vendo seu sucesso, concorrentes de pequeno e grande porte inevitavelmente entrarão no mercado e preencherão o espaço das prateleiras com mais opções.

A Tyson Foods Inc. (NYSE:TSN), maior fabricante de carnes dos EUA, provavelmente será a primeira grande ameaça da Beyond Meat. A companhia vendeu sua participação na Beyond Meat pouco antes do seu IPO, sinalizando sua intenção de jogar duro no mercado de proteína vegetariana.

A companhia planeja acelerar e desenvolver sua própria linha de negócios de proteína alternativa, e todo tipo de proteína será considerado, desde legumes e ervilhas até cogumelos e insetos, de acordo com as declarações de Justin Whitmore, diretor de sustentabilidade da Tyson, em março.

“Vamos fazer investimentos significativos nesse mercado”, Whitmore disse à Bloomberg. “As empresas e o ecossistema atuais, responsáveis por fornecer proteína ao mundo, podem fazer a mesma coisa pela proteína alternativa – a mecânica da cadeia de fornecimento, desde a fazenda ao seu prato, não muda necessariamente”.

Em um ambiente que promete ficar cada vez mais acirrado, isso significa que a Beyond Meat terá que gastar muito com P&D e marketing. Com essas despesas, será mais difícil para que a companhia se torne lucrativa no curto prazo. Nos primeiros nove meses de 2018, a empresa perdeu mais de US$ 22 milhões nas vendas de US$ 56 milhões.

Resumo

A Beyond Meat chamou a atenção de um mercado disposto a investir muito em um número reduzido de boas ideias. Mas, nesse processo, suas ações ficaram caras e arriscadas demais. Não achamos que o rali da Beyond Meat justifica seu múltiplo de venda de 44 vezes em 2018 no longo prazo, em vista das ameaças competitivas de grandes players. A ação já deu no que tinha que dar e está vulnerável a sofrer uma correção.

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