Better Call Wall Street: Americanos podem garantir rali de Ibovespa?
Na aclamada série “Better Call Saul“, o advogado de causas mínimas, interpretado por Bob Odenkirk, tenta ser um solucionador de problemas para os seus clientes. Mas, no meio do caminho, é ele próprio quem acaba mergulhando em um mar de confusões.
O enredo dessa história empresta alguma semelhança ao cenário que se desenha para os mercados internacionais e domésticos para o mês de dezembro.
Afinal, enquanto o Ibovespa tenta superar o fantasma do risco fiscal que contratou uma queda de 3% do índice em novembro, Wall Street chega à reta final do ano com a pompa de um novembro de ganhos de ponta-a-ponta.
Diante desse cenário – e apesar de seus próprios problemas, como visto hoje pelo payroll acima do esperado -, Wall Street conseguiria vir ao socorro do Ibovespa e garantir o rali de fim de ano dos brasileiros?
O histórico do desempenho dos índices americanos pode ser um bom indicativo.
Wall Street tende a ir bem no ‘mês das compras’
Para os mercados americanos, o mês de dezembro começa com sete dias de antecedência, com o fim do feriado de Ação de Graças, a Black Friday e a Cyber Monday.
A trinca de datas inaugura a temporada de compras nos Estados Unidos, quando se espera um sobressalto do consumo.
Em tempos de baixo crescimento econômico e possibilidade de recessão, o aquecimento sazonal da economia em dezembro, ainda que neste ano seja mais modesto do que a média, é uma tendência mais do que aguardada pelos agentes econômicos.
De acordo com o levantamento feito pelo MarketWatch em conjunto com Dow Jones Market Data, em dezembro, o índice de titãs industriais Dow Jones e, sobretudo, o índice de small caps, Russell 2000, tendem a entregar resultados expressivos.
No caso do Dow Jones, o índice entregou altas em 71% das vezes, com avanço médio de 1,4% (apenas atrás de julho), enquanto o índice Small Caps dos EUA apresentou performance positiva em 80% do tempo, subindo em média 2,8% (melhor mês do ano).
Guilherme Zanin, analista da Avenue, também adiciona o S&P 500 nessa lista: “é um mês sazonalmente positivo para o índice, tendendo a formar um dos melhores trimestres do ano”.
Mercados continuam se animando com aumentos mais moderados de juros
O tom suave de Jerome Powell em evento na última quarta-feira (30) também é um indicativo de que a tradição natalina positiva para os mercados americanos se concretizará em 2022.
O chairman do Fed deixou claro que a hora da moderação no aperto monetário pode ter chegado, à medida que dados acumulados mostram uma desaceleração, embora tímida, da inflação.
A sinalização de Powell ajudou a cristalizar a percepção das instituições depositárias do Federal Reserve de que a autoridade anunciará um aumento mais modesto na taxa de juros, de 0,5o ponto percentual. Já a possibilidade de um aumento mais drástico, de 0,75 ponto percentual, é aposta de somente 20% das entidades do Fed Funds.
Na avaliação de Guilherme Zanin, a perspectiva de um aumento mais suave dos juros cria condições para um repique do Ibovespa e de outros mercados emergentes.
“Os juros futuros já mostram um recuo das pressões inflacionárias, culminando em uma maior busca por risco por parte dos investidores”, diz o analista.