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Bernardo Srur: a era da tokenização dos ativos

27 out 2020, 15:55 - atualizado em 27 out 2020, 17:13
Na coluna de hoje, Bernardo Srur, Head de Riscos, Compliance e Relações Institucionais do Mercado Bitcoin e Representante da empresa na ABCripto, fala sobre a revolução da tokenização (Imagem: Freepik/studiogstock)

Segundo dados publicados pelo World Economic Forum, extraídos do estudo “Building Block(chain)s for a Better Planet”, haverá US$ 176 bilhões registrados em blockchain até 2025.

Em 2030, a expectativa é que o volume registrado responda por aproximadamente 30% do PIB global. Então, segundo o próprio estudo, podemos concluir que o mundo terá “tokenizado” até US$ 3,1 trilhões de seus valores/ativos reais.

“Tokenizar” — verbo que, aos poucos, começa a ser introduzido por estudos e fintechs ao nosso dia a dia — é o processo de usar o blockchain como meio de registro e fracionamento, criando, por meios criptográficos e distribuídos, representações digitais de contratos, obrigações, valores e ativos reais.

Fácil? Sei que não parece simples. Precisamos apenas entender que a tokenização torna o mercado mais eficiente, simples, direto e, principalmente, seguro.

Para ilustrar o que isso significa, segundo uma pesquisa divulgada em novembro de 2019 pelo Grupo ZAP, imóveis próximos a shoppings tendem a ser até 45% mais caros do que os demais.

Agora, você tem um apartamento que vale R$ 500 mil e foi anunciado que, daqui a quatro anos, haverá um shopping a menos de 300 metros dele. Quando o empreendimento estiver pronto, esse apartamento valerá até R$ 720 mil. É uma ótima oportunidade de rendimento.

Você precisa de dinheiro agora, mas não quer perder a futura rentabilidade, então decide tokenizar o apartamento. Cria cinco mil tokens, vende mil e guarda o restante com você.

Rendimento a longo prazo via tokenização é um mercado que irá crescer cada vez mais na próxima década (Imagem: Freepik/upklyak)

Os detentores doa mil tokens vendidos terão a segurança de que a matrícula do imóvel está registrada em cartório e no blockchain.

Ao longo do tempo, se um dos investidores decide vender sua parte, basta realizar uma simples transferência de seus tokens para novos membros. Vendas e registros ocorrem juntos, em poucos milésimos de segundos, de forma auditável, irrevogável, inalterável e pública.

Para a Deloitte, o modelo de tokenização é uma verdadeira disrupção, uma realidade que permite “criar um novo sistema financeiro, muito mais democrático, mais eficiente e mais vasto do que qualquer outra solução existente até hoje”.

40% das empresas já implementaram blockchain
apesar de desafios, afirma Deloitte

Para a consultoria, o movimento já é uma realidade e, enquanto “novos players estão rapidamente criando soluções de infraestrutura para este novo momento, atores tradicionais do mercado também estão de olho no tema e participando da pavimentação do caminho para que os tokens atinjam o mainstream”.

Pioneiro no Brasil, o Mercado Bitcoin tokenizou e democratizou o acesso a investimentos que antes eram possíveis apenas para grandes investidores, digitalizando ativos como precatórios e cotas de consórcio.

Outro grande benefício da tokenização é a redução na quantidade de intermediários. Atualmente, o mercado financeiro brasileiro pode, em uma única operação, ter o envolvimento de até onze intermediários.

Com a nova maneira de dividir, registrar e organizar o mercado, essa quantidade é reduzida para quatro. Isso diminuiu significativamente o risco de fraude, aumenta a rentabilidade dos ativos e eleva a eficiência — sem perder a segurança já estabelecida.

Precatórios tokenizados oferecidos pela MB Digital Assets.

Então, para um maior aprofundamento, a alma da tokenização está definida em quatro pilares:

a) acessibilidade: a tecnologia blockchain permite o controle preciso de quem são os donos dos tokens em cada momento. Assim, é possível emitir uma grande quantidade de tokens a um baixo valor médio, aumentando o acesso do público investidor;

b) divisibilidade: não existe um limite mínimo de emissão de tokens, que podem representar pequenas parcelas de um ativo subjacente;

c) eficiência: a tecnologia blockchain permite a substituição de uma série de intermediários, como custodiantes e depositários. Isso diminui o custo final da operação, e aumenta o retorno do investidor;

d) transparência: todas as informações relacionadas ao ativo subjacente estão registradas no blockchain. No caso dos precatórios, por exemplo, é possível consultar o processo que deu origem ao título e comprovar que existe um lastro para o token e o seu valor.

Tudo isso demonstra que não estamos falando apenas de estudos ou moedas digitais. Estamos, sem dúvida, assistindo à evolução mercado financeiro. Em breve, o tema será tão simples que a frase que abre o texto soará como questionar o sobre o que é a internet.

Bernardo Srur é Head de Riscos, Compliance e Relações Institucionais do Mercado Bitcoin e Representante da empresa na ABCripto.

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