Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, reduz pela metade a participação na Apple — e aumenta caixa para US$ 277 bilhões
Warren Buffett parece ter se desinteressado pelas ações. Depois de vender os papéis do Bank of America (BofA) por 12 dias consecutivos, o Oráculo de Omaha também aproveitou a ‘onda’ de liquidação do setor de tecnologia em Wall Street e se desfez quase metade de sua participação na Apple (AAPL).
A Berkshire Hathaway, conglomerado de Buffett, vendeu cerca de 390 milhões de ações da fabricante de iPhones no segundo trimestre, o que corresponde a 49% dos papéis que estavam na carteira da holding.
Apesar de robusto, o movimento não é inédito. No primeiro trimestre, o megainvestidor já tinha se desfeito de 115 milhões, mesmo com alta de 23% das ações da big tech no período.
Mesmo após a venda, a Apple continua sendo a maior participação acionária do portfólio da Berkshire. Ainda restam 400 milhões de ações da empresa fundada por Steve Jobs, que somadas correspondem a US$ 84,2 bilhões, na carteira de Buffet.
Na reunião anual da Berkshire, realizada em maio, o megainvestidor já tinha dado pistas sobre ‘a nova estratégia’. Segundo ele, vender “um pouco da Apple” este ano beneficiaria os acionistas da Berkshire a longo prazo, vislumbrando um possível aumento do imposto sobre ganhos de capital pelo governo dos Estados Unidos — na tentativa de reduzir o déficit fiscal crescente do país.
Os números foram revelados neste sábado (3), com a divulgação do balanço do segundo trimestre da Berkshire Hathaway.
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O que está por trás das recentes vendas de Buffett?
A Apple e o BofA não foram as únicas empresas a ficarem ‘menores’ na carteira de Warren Buffet. Segundo o resultado financeiro da Berkshire, o segundo trimestre foi o sétimo trimestre consecutivo em que a Berkshire vendeu mais ações do que comprou.
A holding recomprou apenas US$ 345 milhões de suas próprias ações, em comparação com os US$ 2,57 bilhões do primeiro trimestre — e nenhuma nas três primeiras semanas de julho.
Ainda não está claro o motivo para as recentes vendas de ações pelo Oráculo de Omaha — se são por motivos da empresa, avaliação de mercado ou por preocupações com a gestão do portfólio.
Contudo, os resultados da Berkshire sugerem que Buffett, de 93 anos, está cada vez mais cauteloso com a economia dos Estados Unidos em geral ou com as avaliações do mercado de ações cujos preços se tornaram muito elevados.
“Se analisarmos o quadro completo da Berkshire e os dados macroeconômicos, uma conclusão segura é que a Berkshire está ficando na defensiva”, disse Cathy Seifert, analista da CFRA Research.
A Berkshire começou a comprar ações da Apple em 2016. Ao longo dos anos, Buffett gostou tanto da Apple que aumentou drasticamente a participação para torná-la a maior fatia do portfólio da companhia e chamou a gigante da tecnologia de o “segundo negócio mais importante” depois das seguradoras.
O balanço mais esperado do mercado
Por um lado, as recentes vendas das ações de grandes companhias têm chamado a atenção do mercado. Por outro, as recentes mudanças no portfólio garantiram um novo recorde para a Berkshire Hathaway.
O caixa da holding cresceu para US$ 276,9 bilhões no segundo trimestre, ante US$ 189 bilhões no três meses anteriores — até então um valor recorde. A Berkshire vendeu um valor líquido de US$ 75,5 bilhões em ações.
O lucro do segundo trimestre das dezenas de empresas da Berkshire aumentou 15%, para US$ 11,6 bilhões de dólares, ou cerca de 8.073 dólares por ação Classe A, em relação aos US$ 10,04 bilhões do ano anterior.
Quase metade desse lucro veio dos negócios de seguros da Berkshire, incluindo o seguro de automóveis da Geico — empresa que o lucro mais do que triplicou, uma vez que os prêmios aumentaram e os sinistros diminuíram.
No entanto, a receita aumentou apenas 1%, chegando a US$ 93,65 bilhões de dólares, com pouca alteração nos principais negócios, como a ferrovia BNSF e a Berkshire Hathaway Energy, e uma queda de 12% na rede de paradas de caminhões Pilot.
*Com informações de Reuters e CNBC