Bem-estar: A nova arma das empresas na guerra para atrair e reter talentos
A pandemia impôs uma série de mudanças no estilo de vida e nas relações profissionais, acelerando tendências que já vinham sendo implementadas gradualmente. Na crise sanitária, os trabalhadores passaram a valorizar outros atributos além do salário, incluindo bem-estar e qualidade de vida.
Diante desse cenário de intensas transformações no mercado de trabalho, os motivos que faziam com que colaboradores escolhessem seu local de trabalho mudaram, e obrigaram as empresas a se adaptarem a esse novo paradigma.
Há alguns anos, era fundamental ter escritórios elegantes, bem localizados e com estrutura completa. Entretanto, essas características deixaram de ser imprescindíveis para o profissional ser atraído ao emprego. Até mesmo a remuneração salarial deixou de ser o único fator observado por muitos profissionais. Eles querem mais que bons salários e ambientes confortáveis.
Segundo o estudo Global Learner Survey, pesquisa desenvolvida pela Pearson, um dos maiores grupos de educação do mundo, 92% dos profissionais dizem priorizar, na hora de procurar um novo emprego, as empresas que oferecem algum tipo de serviço ou programa voltado às questões de saúde mental e bem-estar.
Para 65% dos brasileiros entrevistados, as empresas deveriam ampliar a cobertura do benefício do plano de saúde com serviços e atendimentos psicológicos.
Propósito, carinho e cuidado para atrair talentos
A pesquisa ouviu 1.001 brasileiros entre 16 e 74 anos, em abril desse ano. A Global Learner Survey também foi realizada nos Estados Unidos, Reino Unido, China e Índia. Ao todo, foram ouvidas 8.170 pessoas ao redor do mundo.
Importante também ressaltar que vivemos atualmente a “Era do Propósito”, na qual as pessoas estão mais informadas e críticas em relação à suas escolhas e aos impactos que as empresas causam na sociedade. O propósito fez com que muitas pessoas desafiassem suas escolhas de carreira.
Mas agora, além do propósito, estão em alta o carinho e o cuidado. Muitos profissionais optam por mudar de emprego porque sua empresa não demonstra uma postura correta na hora de protegê-lo em momentos de adversidade.
Não podemos ignorar que os profissionais estão mais atentos à maneira como são tratados pelas empresas em momento de crise. Isso ficou muito latente na pandemia. As organizações que se esforçaram para manter o emprego de seus colaboradores, investiram para deixá-los dentro de casa sem cortar benefícios como seguros e planos de saúde, certamente saíram com a cultura organizacional fortalecida.
Por isso, entendo que, neste momento de instabilidade da economia e incerteza com relação ao futuro do país, os RHs precisam ser criativos e buscar soluções que protejam e proporcionem esse cuidado e carinho que o colaborador demanda. Mas, ao mesmo tempo, sem impor custos elevados para o caixa da empresa.
Benefícios por adesão são um diferencial positivo
Cada vez mais empresas têm buscado oferecer benefícios por adesão e não imposição aos colaboradores. Atentas ao endividamento crescente do trabalhador brasileiro, com efeitos na saúde mental e física, uma série de organizações está tomando a frente para impulsionar o cuidado e carinho ao apoiar o protagonismo e a escolha dos colaboradores.
Assim, surgem as plataformas de benefícios flexíveis, que negociam condições diferenciadas ao colaborador para soluções em saúde e produtos financeiros, como a concessão de crédito com melhores taxas, programas de cashback em parceria com outras empresas, adiantamento de salário e de 13º salário.
O pagamento dos produtos e serviços é descontado diretamente do salário do colaborador que aderir voluntariamente à solução, de forma prática, justa e eficiente.
O respaldo da empresa ao indicar o serviço é fundamental, pois reforça laços de confiança com o colaborador e demonstra que a companhia está preocupada com o bem-estar do seu funcionário. Ações como esta se mostram tão ou mais importantes para a retenção de talentos quanto a remuneração mensal e as condições físicas e estruturais do escritório.
Nessa nova guerra pela retenção de talentos, fazer o BEM será um grande diferencial. As empresas que entenderem o novo paradigma das relações profissionais e colocarem em prática demandas que atendam a esses conceitos sairão na frente. E, como contrapartida, ganharão equipes engajadas, motivadas e dispostas a vestir a camisa da empresa!
*Heverton Peixoto é graduado em Engenharia Civil com MBA em Corporate Finance no Insead, França. Possui experiência relevante de mais de 15 anos em diferentes indústrias e segmentos, tendo atuado por 4 anos como Diretor Executivo da Wiz Corporate e 1 ano como Diretor de Transformação Digital da Wiz. Foi também consultor da Mckinsey & Company de 2008 a 2013, participando ativamente de projetos estratégicos no mercado bancário e de seguros da América Latina. Heverton Peixoto iniciou sua carreira na Rede Esho/Grupo Amil, com relevante experiência na indústria de seguros e saúde suplementar.
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