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Bê-a-bá Cripto: blockchain

22 mar 2020, 13:00 - atualizado em 30 maio 2020, 18:28
Clique nos links abaixo para conferir nossos conteúdos sobre blockchain (Imagem: Pixabay/Megan_Rexazin)

Na nossa série “Bê-a-bá Cripto“, apresentamos diversos conteúdos específicos para que você entenda o passo a passo (o bê-a-bá) do mercado cripto.

Primeiro, fornecemos um glossário sobre conceitos básicos, estratégias de investimento e tipos de negociação em criptoativos.

Depois compilamos matérias sobre mineração, termo amplamente utilizado quando se fala em blockchain e bitcoin.

Em seguida, falamos sobre regulamentação para que você entenda por que criptoativos são vistos com maus olhos pelas autoridades em todo o mundo, além das medidas tomadas e seus resultados.

Também já falamos sobre descentralização, termo que sempre aparece quando há discussões sobre o poder compartilhado por uma comunidade, que decide cada aspecto de uma rede, em contraste a uma única figura que quer ter controle total e individual.

Neste mês de março, tivemos muitas notícias a respeito da implementação tecnologia de blockchain. Clique aqui para conferir alguns destaques.

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Um blockchain consiste de informações transmitidas em uma rede sem a necessidade de terceiros, com maior privacidade e redução de custos (Imagem: Freepik/stories)

Mas o que tem de tão interessante nesse tal “blockchain”?

O atrativo dessa “tecnologia de registro distribuído” ou “tecnologia distribuída de livro-razão” (do inglês Distributed Ledger Technology, DLT) é justamente a possibilidade de transmitir informações em uma rede (o blockchain) sem a necessidade de intermediários, o que garante velocidade de processamento e redução de custos.

Assim, a rede Bitcoin, por exemplo, possui seu próprio blockchain (infraestrutura de blocos), que registra a data e a hora de transações bancárias realizadas por diversas pessoas ou empresas (representadas por um endereço de caracteres aleatórios).

Cada bloco é transmitido à rede de dez em dez minutos mas, devido à recente diminuição na taxa de transferência da rede, os blocos estão sendo transmitidos a cada vinte minutos.

Lista de transações em bitcoin no site Blockchain.com (imagem do dia 20/03/2020 às 14h37)

Mecanismos de consenso

Uma grande desconfiança das pessoas em relação ao blockchain é a questão da autenticidade. Se tudo é tão digital, como saber se os dados ali transmitidos são verdadeiros?

Em cripto, existe algo chamado mecanismo de consenso. São algoritmos que fazem com que uma autoridade central esteja responsável pela atualização da rede, transmitindo apenas transações válidas ao blockchain.

Entretanto, como a tecnologia de blockchain e de criptoativos preza muito pela descentralização, o poder não pode caber a apenas uma pessoa.

Cada blockchain possui um mecanismo de consenso diferente.

O blockchain do Bitcoin possui o mecanismo “proof-of-work” (prova de trabalho), anteriormente criado  por Cynthia Dwork e Moni Naor para evitar spams na caixa de entrada de e-mails.

Sob a mesma lógica, o PoW exige que mineradores forneçam uma função computacional de hashes (caracteres aleatórios), como um quebra-cabeças, para poder transmitir transações ao restante da rede e receber uma recompensa por essa transmissão de blocos.

No proof-of-work, mineradores usam poder computacional para resolver um quebra-cabeças algorítmico e, se conseguirem, podem transmitir transações ao blockchain e receberem uma recompensa por seu trabalho (Imagem: YouTube/Simply Explained – Savjee)

A recompensa se dá pelo grande poder computacional utilizado pelos mineradores para encontrar o resultado da solução.

Já outros blockchains utilizam o mecanismo “proof-of-stake (prova de saldo). O PoS exige que participantes ou mineradores da rede provem sua governança ao depositar uma certa quantidade de tokens (o que chamamos de “staking”).

Assim, um novo bloco é selecionado de forma aleatória dependendo do staking de um usuário. Se o usuário agir de má fé, seu staking será destruído como punição.

Há também o “delegated proof-of-stake” (prova de saldo delegada), utilizado pela rede Steem. O algoritmo DPoS implementa um processo de votação e eleição para proteger o blockchain da centralização e de práticas maliciosas.

Existem também outros algoritmos, como o “proof-of-authority”/PoA (prova de autoridade), “proof-of-concept”/PoC (prova de conceito) e o “proof-of-burn”/PoB (prova de queima de tokens).

Ataque de 51% é um ataque a um blockchain por um grupo de mineradores que controla mais de 50% da taxa de hashes de mineração da rede ou do poder computacional (Imagem: Brave New Coin)

Apesar de os mecanismos serem de “consenso”, muitos desenvolvedores e usuários de cripto discordam sobre qual é o mais seguro e apropriado para determinada plataforma.

Alguns dizem que o PoW é falho, pois já houve ataques de 51% às redes Ethereum, Vertcoin e Bitcoin Gold.

Ataque de 51% é um ataque a um blockchain por um grupo de mineradores que controla mais de 50% da taxa de hashes de mineração da rede ou do poder computacional.

Podem evitar que novas transações sejam confirmadas, dividir pagamentos entre usuários, reverter transações já completadas enquanto tiverem o controle da rede e realizar gastos duplos (algo tecnicamente impossível, já que as transações nos blockchains devem ser individuais).

Outros dizem que o mecanismo PoS “canibaliza” a ideia de descentralização pois a rede só fica segura se a recompensa pela realização de staking fosse boa o suficiente, e não fosse maior do que o rendimento oferecido em mercados de empréstimo, por exemplo.

Assim, é importante que cada vez mais, protocolos, corretoras e plataformas busquem por soluções mais viáveis de se protegerem a ataques, liquidações e falhas em suas programações.

As possibilidades de uso do blockchain são infinitas. É importante que grandes empresas do mercado institucional entendam os benefícios que essa tecnologia pode trazer para o mundo (Imagem: Freepik/rawpixel.com)

Uso do blockchain

A tecnologia de registro distribuído não precisa ser utilizada apenas para transações financeiras. Pode ser usada no setor automobilístico, energético, alimentício, de varejo, de seguros, de saúde, de jogos e até mesmo na criação de uma cidade inteira.

As possibilidades são infinitas. É importante que grandes empresas do mercado institucional entendam os benefícios de implementação da tecnologia de blockchain.

Um exemplo é o banco Citi, que anunciou o aumento do financiamento na plataforma de blockchain komgo para integrar seu sistema de processamento.

Além disso, várias empresas estão usando essa tecnologia no ramo imobiliário: a Figure, que quer levar créditos imobiliários ao blockchain; a parceria entre Securitize e LIFULL, que querem tokenizar imóveis no Japão; Vertalo e DealBox tokenizaram milhões em ativos para a emissão de security tokens; e Red Swan, que também anunciou tokenização milionária de imóveis.

Para saber mais sobre essa tecnologia inovadora, confira:

– a série em seis partes da Brave New Coin sobre “como o blockchain está remodelando nossas ordens econômicas, ambientais e sociais”;

– artigos de nossos colunistas, como Claudia Mancini, Alex Nascimento, Rodrigo Ventura e Courtnay Guimarães;

– notícias atualizadas com a tag “blockchain” em nosso portal.