Coluna do Guilherme Gentile

BDRs das bigtechs: vale a pena investir pensando em dividendos?

27 out 2022, 11:50 - atualizado em 27 out 2022, 11:50
dividendos
(Imagem: Unsplash/@aidanmh)

Um recente levantamento realizado pela plataforma Dividendos.me com 130 mil investidores revela que, quando o assunto é investimento em BDRs (Brazilian Depositary Receipts), a preferência é pelas Bigtechs: Apple (AAPL34), Facebook (FBOK34) e Google (GOGL34).

Mas vale a pena olhar para estas empresas quando o assunto é dividendos? A resposta claramente é não.

O segmento de tecnologia é justamente conhecido por não pagar ou pagar muito poucos dividendos, em parte, por ser intensivo em capital já que estas empresas têm necessidade constante de novos investimentos para se manterem na vanguarda.

Aliás, neste caso, investir em novos negócios disruptivos é o que justamente garante os resultados e o crescimento destas companhias.

Tais empresas focam no crescimento futuro e há também o fato de que algumas delas demoram anos para começarem a lucrar. Assim, são ações para o investidor que aposta no crescimento dessas companhias e a consequente valorização de seus papéis. Por este motivo também costumam exibir mais risco e mais volatilidade.

Ao mesmo tempo, a elevada tributação do mercado americano torna a distribuição de dividendos algo nada atrativo para as empresas, que, muitas vezes, preferem recomprar suas ações para gerar mais retorno aos acionistas.

Para se ter uma ideia, a Apple, por exemplo, ofereceu um dividend yield (retorno de dividendo) de 0,52% em 12 meses e um yield de recompra de ações de 3,21%. Facebook e Google nem dividendos pagam, mas realizaram a recompra de suas ações, respectivamente, de 8,38% e 2,36%. Os dados são de 2021.

Tributariamente falando é mais interessante para as empresas efetuarem recompra de ações do que efetivamente distribuir dividendos, uma vez que a distribuição de lucros tem uma tributação alta nos Estados Unidos.

Por isso para as empresas americanas a recompra acaba sendo menos custosa e gera valor ao seu acionista, uma vez que quando a recompra é realizada e as ações são posteriormente canceladas, o acionista vai possuir um ‘pedaço’ maior da companhia.

Não se pode dizer, porém, que o não pagamento de dividendos é exclusivo das big techs. Empresas de outros setores também agem da mesma forma. A Walt Disney, por exemplo, além de não pagar dividendos também não fez a recompra de ações. A Coca-Cola, ao contrário, tem como cultura pagar dividendos aos seus acionistas

Entre outras companhias que se destacam na preferência dos investidores, estão: Disney (Disb34), que atua no ramo de mídia, Tesla (TSLA34), do setor automotivo, e pela Amazon (AMZO34), da área de Varejo Diversificado).

Mas, logo em seguida, na sétima posição, está a Microsoft (MSFT34) seguida de Alibaba (BABA34) e Mercado Livre (MELI34), as três do setor de Software e Tecnologia.

A razão para se investir em ativos internacionais, pagando ou não dividendos, está no fato de que eles estão atrelados a uma moeda forte, contribuindo para que o investidor tenha menos exposição ao risco Brasil.

Esta estratégia tem se intensificado bastante, aliás, por conta das eleições que trouxe um adendo a mais de volatilidade para os papéis listados na B3.

As BDRs também são vistas como uma forma de diversificar o portfólio. Enquanto a Bolsa brasileira oferece cerca de 400 ações, o número de BDRs, incluindo patrocinados e não patrocinados gira em torno de 960.

Olhar para as BDRs, pagando ou não bons dividendos é uma estratégia importante de investimentos dentro da necessidade de diversificação, mas não para a formação de uma “carteira de viúva”. Neste último caso, há ótimas opções no mercado brasileiro, seja de ações, seja de fundos imobiliários.

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