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BDRs +18% x Ibovespa -8%: um ano após se tornar acessíveis a todos, BDRs provam seu valor

26 out 2021, 17:34 - atualizado em 26 out 2021, 17:42
Wall Street
A hora e a vez das BDRs: classe de ativos surge como opção para diminuir o risco Brasil do portfólio (Imagem: REUTERS/Carlo Allegri)

A deterioração do cenário doméstico no Brasil, com as contas públicas indo de mal a pior e o projeto fura-teto do governo ganhando aval da equipe econômica, faz com que investidores pensem seriamente em investir no exterior. 

Longe dos ruídos de Brasília, Wall Street vive um momento inverso ao da Bolsa brasileira: enquanto o Ibovespa dá um passo para retroceder três, a Nasdaq e o Dow Jones renovam máximas, impulsionadas pelos resultados das empresas americanas, que estão saindo melhor que a encomenda. 

A boca do jacaré: comparação entre Nasdaq e Ibovespa nos últimos meses

Todo esse entusiasmo das companhias gringas se reflete aqui no Índice BDRX, que reúne as BDRs (títulos que representam papéis listados na Bolsa dos EUA): o Ibovespa amarga queda de 8% em 2021 ante alta de 18% do índice no mesmo período. 

(Fonte: B3)

Um ano após a liberação da B3 para o investidor pessoa física, as BDRs surgem como opção viável para quem quer começar a colocar o pé no exterior sem grandes dores de cabeça, afirmam analistas ouvidos pelo Money Times

Segundo o analista da Toro Investimentos, João Vitor, além de diversificar, com esses certificados o investidor consegue ter acesso à teses de investimentos e ideias que não são acessíveis aqui.

“É um instrumento legal, protege contra o risco Brasil, permite você investir em outros países atrelados a moedas fortes e empresas que estão entre as maiores do mundo”, argumenta.

Já Bruno Rosolini, da Genial Investimentos, lembra outro aspecto interessante dessa classe de ativos: eles podem ganhar com a disparada do dólar. “Se você tem investimentos em BDRs e o câmbio se valoriza, você também tem valorização em suas BDRs”, diz.

Além disso, possuir esses recibos significa ter exposição aos lucros bilionários de empresas líderes em inovação, como Facebook, Apple e Tesla

“Temos visto bons resultados lá fora, com o S&P 500 atingindo suas máximas. Quem tem BDRs não está só trazendo para si a rentabilidade do resultado das empresas, mas também está ganhando com a subida do câmbio”, completa Rosolini.

Inúmeros bancos, como o Bank Of America e o JPMorgan, já veem a Selic a dois dígitos até março (REUTERS/ Ueslei Marcelino)

Xô, risco Brasil

As duas principais vantagens das BDRs neste momento são ganhar com diversificação lá fora e, mais importante, dar adeus ao risco Brasil, que tem afetado de maneira significativa os ativos aqui.

Rosolini, da Genial, recorda que quem diversificou seu patrimônio no exterior perdeu menos ou até ficou no zero a zero, diante do tombo dos mercados das últimas semanas. 

“Mesmo que o Brasil esteja mal e que as empresas brasileiras sofram, você vai ter na sua carteira uma BDR que, muitas vezes, pode performar super bem, independente do cenário brasileiro”, diz. 

É preciso lembrar, ainda, que o cenário que se desenha para 2022 não é nada animador. Inúmeros bancos, como o Bank Of America e o JPMorgan, já veem a Selic a dois dígitos até março. O Itaú vai além: o bancão prevê uma retração de 0,5% no PIB (Produto Interno Bruto) para o ano que vem.

“Seus investimentos são muito importantes, para que você confie apenas na economia de um único país”, destaca o analista da plataforma de investimentos Stake, Rodrigo Lima.