BDMG prepara captação de US$ 100 milhões em títulos verdes com apoio do BID
O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) prepara uma captação de cerca de 100 milhões de dólares com títulos verdes, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O banco mineiro de fomento apresenta nesta terça-feira um framework, documento que detalha o enquadramento de empresas ou projetos que podem ser alvos de recursos da captação, uma antessala da captação em si, que deve sair nos próximos meses.
Segundo o BDMG, esta é a primeira operação do tipo do BID com um banco de desenvolvimento no Brasil que, apesar das vastas oportunidades de projetos ambiental e socialmente responsáveis, está apenas engatinhando no mercado de títulos verdes.
Estes papéis financiam projetos em áreas como agricultura sustentável, educação, mobilidade urbana, inovação e saneamento básico.
O representante do BID no Brasil, Morgan Doyle, disse que enquanto Estados Unidos já emitiram cerca de 170 bilhões de dólares nesse mercado, e China, 100 bilhões de dólares, a América Latina chega a cerca de 5,7 bilhões de dólares.
Os títulos do BDMG, com prazo previsto de ao menos 5 anos, devem ser listados na Bolsa de Londres ou na de Luxemburgo.
A expectativa é de que a emissão seja o primeiro passo de uma série de outras do tipo, à medida que a legislação federal ampliou em junho o escopo de projetos que podem se credenciar a receber recursos dos chamados títulos verdes, incluindo projetos de infraestrutura, de desenvolvimento econômico e de pesquisa.
Segundo o presidente do BDMG, Sergio Suchodolski, só no primeiro semestre deste ano, o banco já desembolsou cerca de 400 milhões de reais para projetos elegíveis para os títulos verdes.
“Demanda pelos recursos posso garantir que não vai faltar”, disse Suchodolski em entrevista.
Como é um ente independente do governo mineiro, há anos afundado numa grave crise fiscal, o BDMG tem capacidade própria de endividamento. Os recursos, disse o executivo, podem ser canalizados tanto para municípios mineiros como para empresas e projetos privados.
Há inclusive possibilidade de conceder empréstimos para projetos ligados à recuperação de municípios atingidos pelos desastres ambientais de Mariana e Brumadinho.
A iniciativa ocorre num cenário de relações estremecidas entre o governo Bolsonaro e grandes investidores institucionais estrangeiros devido a questões como desmatamento e queimadas na Amazônia.
Ao mesmo tempo, investimentos ligados a meio ambiente, sociais e a governança (ESG, na sigla em inglês) têm ganhado crescente interesse por parte de grandes empresas industriais, de instituições financeiras e de gestores de recursos.
“O Brasil tem várias histórias positivas ligadas à sustentabilidade e há investidores no exterior interessados nisso”, disse Doyle.