BCs precisam elaborar estratégia de volta a políticas monetárias normais
Autoridades de bancos centrais precisam trabalhar para que a política monetária volte ao normal e criar uma estratégia para a saída de medidas agressivas “o mais rápido possível” a fim de combaterem dívidas elevadas em todo o mundo, disse o gerente-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS) nesta quarta-feira.
Uma fraca recuperação econômica e altos níveis de dívida persistiram desde a crise financeira de 2008/2009 e foram superados apenas gradualmente, disse Agustín Carstens durante debate virtual organizado pelo banco suíço UBS.
Agora, “essa recessão induzida pela pandemia está interrompendo o processo de reordenação”, disse Carstens.
“Mais dívida será criada e, portanto, esforços adicionais precisam ser implementados para que, em algum momento no futuro, a política monetária possa retornar a um novo normal”, disse Carstens.
Bancos centrais e governos de todo o mundo já divulgaram cerca de 15 trilhões de dólares em estímulos, ou cerca de 17% da produção econômica global, para protegerem suas economias da pandemia de coronavírus –quantia recorde que inchará balanços e déficits a níveis recordes do período pós-guerra.
Tais medidas impediram um impacto “desastroso” da pandemia, evitando uma recuperação ainda mais difícil no futuro, disse ele. Mas altos níveis de dívida, particularmente dívida do governo, devem ser controlados eventualmente.
“Nesta fase muito inicial, temos que começar a pensar em como implementar e possibilitar uma estratégia de saída”, disse ele, acrescentando que essa estratégia deve ser estabelecida o mais rápido possível. “Em algum momento, os bancos centrais devem começar a enviar sinais de que isso não vai durar para sempre.”
Referindo-se ao baixo crescimento em todo o mundo, Carstens instou que as fronteiras sejam mantidas abertas para estimular o comércio e o crescimento, classificando as tensões entre China e Estados Unidos como potencialmente custosas para a economia mundial.
“A dimensão da China contra os EUA não ajuda. Essas são as duas maiores economias do mundo”, afirmou. “Não precisamos desse tipo de ruído nesse estágio específico.”