Internacional

BCE tem cinco motivos para adiar corte de juros para setembro

24 jul 2019, 15:18 - atualizado em 24 jul 2019, 15:18
A maioria dos economistas acredita que o BCE vai adaptar sua linguagem de política monetária para indicar um corte futuro dos juros, e anunciar a redução e uma promessa de reiniciar as compras de ativos em setembro (Imagem: Krisztian Bocsi/Bloomberg)

O Banco Central Europeu tem muitas razões para esperar até setembro antes de se comprometer a injetar mais estímulos na economia.

No período que antecedeu a reunião de quarta-feira, os membros do conselho do BCE disseram que medidas de apoio adicionais estão disponíveis, se necessário, para aquecer a atividade econômica na zona do euro. Seria a mais recente de uma série de mudanças das estratégias em todo o mundo rumo a um maior afrouxamento monetário.

Cutting Time

O presidente do BCE, Mario Draghi, pode tentar ser proativo e apresentar um pacote de mudanças já nesta quinta-feira. Traders atualmente precificam 30% de chances de um corte de 10 pontos-base na taxa básica.

A maioria dos economistas acredita que o BCE vai adaptar sua linguagem de política monetária para indicar um corte futuro dos juros, e anunciar a redução e uma promessa de reiniciar as compras de ativos em setembro. Os argumentos a seguir justificariam esperar até o fim das férias de verão:

1. Aguardar o Federal Reserve

O Fed parece pronto para reduzir os juros em 0,25 ponto percentual na próxima semana, o que seria o primeiro corte em mais de uma década. Mas caso o Fed surpreenda com um corte maior ou sinalize o início de um ciclo de afrouxamento, o euro pode se valorizar. Com isso, haveria maior pressão de baixa sobre a inflação na zona do euro e exportações, enfraquecendo ainda mais a economia.

2. Dados econômicos

Um relatório com dados econômicos na quarta-feira mostrou maior desaceleração em julho, com a atividade de fábricas alemãs em uma queda particularmente íngreme. O dado reforça qualquer argumento para uma resposta rápida do BCE. Ainda assim, alguns números-chave só virão após a reunião de julho, como dados do crescimento do segundo trimestre e novos relatórios de inflação.

3. Novas previsões

O BCE tende a anunciar grandes mudanças de política monetária quando divulga novas previsões econômicas, já que a perspectiva revisada sustenta o argumento para adicionar ou reduzir os estímulos. A próxima atualização está prevista para setembro.

4. Expectativas do mercado

Embora os formuladores de políticas digam que não atendem às expectativas do mercado, é difícil ignorá-las totalmente. Investidores só precificam totalmente um corte de 10 pontos-base em setembro, e um movimento antecipado poderia sinalizar que a situação econômica é pior do que a observada atualmente.

5. Complexidade do pacote

As medidas que o BCE provavelmente deve anunciar exigirão uma análise cuidadosa sobre como implementá-las. A maioria dos analistas argumenta que uma taxa de juros mais baixa – que já está negativa em -0,4% – exigirá um mecanismo para isentar alguns depósitos bancários da cobrança. O BCE também pode precisar ajustar suas próprias regras para permitir novas compras de títulos, e pode levar algum tempo para analisar implicações legais.

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