Bancos

BCE precisa ‘mostrar os dentes’ para atingir meta de inflação

06 fev 2023, 9:10 - atualizado em 06 fev 2023, 9:10
BCE
A inflação caminha para uma alta mais moderada de 6,3% este ano e só atingirá a meta de 2% no segundo semestre de 2025, de acordo com as mais recentes previsões do BCE (Imagem: Flickr/BCE)

Para Robert Holzmann, que faz parte do Conselho do Banco Central Europeu, a instituição deve combater a inflação de forma ativa até que a estabilidade de preços possa ser sentida no cotidiano da população.

“O risco de apertar demais parece encolhido pelo risco de fazer muito pouco”, disse Holzmann em conferência nesta segunda-feira em Budapeste. “A política monetária deve continuar ‘mostrando seus dentes’ até que vejamos uma convergência confiável para nossa meta de inflação.”

Os comentários do presidente do banco central austríaco vêm na esteira da decisão do BCE de elevar a taxa básica em 0,5 ponto percentual pela segunda vez seguida na semana passada. A instituição prometeu repetir a dose no mês que vem – mantendo uma postura dura contra a maior pressão inflacionária de preços desde a introdução do euro.

O crescimento econômico da zona do euro ficou praticamente estagnado no fim do ano passado, e a inflação recuou em relação às máximas históricas. Com isso, autoridades monetárias da região começaram a questionar se um ritmo de aperto mais lento seria mais apropriado. O Federal Reserve elevou a taxa de referência em apenas 0,25 ponto percentual na semana passada, embora Jerome Powell, presidente do Fed, tenha prometido continuar a subir os juros.

A inflação na zona do euro se desacelerou mais do que o esperado devido à queda nos custos de energia, mas as pressões no núcleo do índice permanecem, disse na semana passada a presidente do BCE, Christine Lagarde.

Em outro evento, o presidente do banco central da Eslovênia, Bostjan Vasle, afirmou que os aumentos dos juros estão “longe de terminar”. Já a autoridade monetária da Letônia, Martins Kazaks, avisou que apenas uma surpresa “significativa” nos dados poderia interromper o aumento planejado de 0,5 ponto em março.

A inflação caminha para uma alta mais moderada de 6,3% este ano e só atingirá a meta de 2% no segundo semestre de 2025, de acordo com as mais recentes previsões do BCE, publicadas em dezembro.

Holzmann avalia que os passos oportunos do BCE ajudaram a manter as expectativas de inflação perto da meta, mas os consumidores ainda sentem o impacto do crescimento muito rápido dos preços em suas vidas cotidianas.

Uma ação fraca da política monetária corre o risco de desancorar essas expectativas e tornaria os esforços posteriores para domar os preços mais demorados e custosos, explicou.

“Em última análise, as perdas que nós, como autoridades da zona do euro, incorremos por não cumprirmos consistentemente nossa meta de inflação correm por nossa conta e risco”, disse Holzmann.