BCE precisa manter opções de política monetária em aberto para além de dezembro, mostra ata
Os membros do Banco Central Europeu podem não ter todos os dados de que necessitam em dezembro para obter uma visão firme sobre a trajetória da inflação, e precisam manter as opções de política monetária em aberto para além daquela que deverá ser uma reunião crucial, mostrou a ata de seu encontro de 28 de outubro nesta quinta-feira.
O BCE deixou a política monetária inalterada na ocasião e descartou um aumento de juros no próximo ano, mas reconheceu que a inflação levará mais tempo para cair do que o estimado anteriormente, uma vez que os gargalos na indústria persistem e os preços da energia permanecem altos.
“Foi advertido que os dados disponíveis em dezembro não resolverão todas as incertezas em torno das perspectivas para a inflação no médio prazo”, apontou o documento.
“Foi considerado importante que o Conselho do BCE mantenha opções suficientes para permitir futuras ações de política monetária, incluindo para além de sua reunião de dezembro”, disse o BCE na ata.
A ata chega poucas semanas antes de uma reunião de política monetária considerada crucial, em 16 de dezembro, quando o BCE deve decidir reduzir seu programa de compras de emergência da pandemia de 1,85 trilhão de euros e contemplar a ampliação de outras aquisições para compensar o corte dos estímulos emergenciais.
Embora a maioria das autoridades pareça concordar que a inflação alta, agora acima do dobro da meta de taxa de 2% do BCE, é temporária, há uma divergência em como eles preveem o declínio no crescimento dos preços.
Autoridades de posicionamento mais leniente em relação à inflação, que provavelmente pressionarão por compras copiosas de títulos, argumentam que a inflação vai arrefecer por conta própria, já que fatores pontuais são os principais culpados, enquanto aumentos de salários, uma condição necessária para que haja inflação duradoura, seguem anêmicos.
Enquanto isso, autoridades de posicionamento menos inclinado a manutenção de estímulos argumentam que, mesmo que seja temporário, o alto crescimento dos preços acabará fazendo com que os salários aumentem, elevando o risco de que a inflação se estabilize acima da meta do BCE, marca que não foi alcançada na última década.