BCE não pode enfrentar recessão sozinho, precisará de contraparte fiscal, diz ex-FMI
O BCE (Banco Central Europeu) perderá a guerra caso queira enfrentar a próxima recessão por conta própria. A avaliação é de Olivier Blanchard, antigo economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional), e evidencia a fragilidade de opções existentes para a autoridade monetária.
BCE poderá realizar novos estímulos à economia se necessário, diz Draghi
“Eu tenho quase certeza que o BCE não pode lutar com força própria contra uma recessão, que precisará de ajuda, é um pouco óbvio”, disse Blanchard a CNBC, durante fórum do BCE em Sintra, Portugal. “A politica monetária precisará de ajuda da política fiscal”, completou.
Inflação na Zona do Euro mostra variação positiva de 1,2% durante maio
Blanchard, conhecido por seus estudos macroeconômicos, explicou que o problema não é a falta de ferramentas na política monetária, mas sim seu impacto nos mercados.
Small Caps: Tudo o que você precisa saber
Munição inócua
“Eles [BCE] possuem muita munição, a questão é o quanto mata, porque eles podem realmente comprar muitos ativos em quantidades enormes mas, neste estágio, terá pouco efeito nas taxas, que é o que importa no final”, disse o antigo economista-chefe do FMI.
Zona do Euro: Balança comercial atinge superávit de € 15,7 bilhões em abril
A autoridade monetária encerrou em dezembro último seu programa de compra de títulos de três anos, conhecido como QE (Quantitative Easing, flexibilização quantitativa na língua portuguesa). O BCE comprou nada menos que US$ 3 trilhões em ativos tóxicos.
Pilar em xeque?
Para Jean-Claude Trichet, ex-presidente do BCE, a questão principal reside em encontrar quais ferramentas estão disponíveis no momento, o que implicará na continuidade das medidas “muito, muito não convencionais”.
“Estamos numa situação em que o pilar da estabilidade na Europa depende muito do banco central, e seria um erro, na minha opinião, dar a impressão de que o pilar está prestes a entrar em colapso”, acrescentou Trichet.