Bancos

BCE inciará nova era de política monetária para conter inflação

07 jun 2022, 10:02 - atualizado em 07 jun 2022, 10:02
Bolsas Europeias
A nova realidade mostrará que os critérios do BCE para o aumento de juros foram finalmente alcançados – permitindo que se junte ao Federal Reserve e seus pares no aumento do custo do dinheiro (Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach)

O Banco Central Europeu começará uma nova era de política monetária esta semana para enfrentar a ameaça de uma inflação fora de controle.

Armado com novas previsões e com alta de preços em ritmo recorde, a presidente Christine Lagarde e seus colegas vão acabar com trilhões de euros em compras de ativos e cimentar a trajetória para sair de oito anos de taxas de juros negativas.

Os investidores agora especulam que o fim da política de juros abaixo de zero poderia se materializar já em julho, com um aumento de 0,5 ponto percentual.

Embora preços ao consumidor que aumentam a uma taxa quatro vezes mais alta que a meta de 2% sejam alarmantes, é a perspectiva econômica além do curto prazo que vai orientar a mudança do BCE. Suas projeções provavelmente mostrarão que a inflação não cairá abaixo da meta até 2024.

Os novos números trimestrais serão os primeiros a incorporar totalmente a guerra da Rússia na Ucrânia, que, não importa quando termine, terá efeitos duradouros nos custos de energia e alimentos.

A nova realidade mostrará que os critérios do BCE para o aumento de juros foram finalmente alcançados – permitindo que se junte ao Federal Reserve e seus pares no aumento do custo do dinheiro.

“Com as previsões, eles podem mostrar que suas três condições estão satisfeitas” para começar a retirar estímulos, disse Karsten Junius, economista do Banco J Safra Sarasin em Zurique. “Eles podem realmente fechar um capítulo e enfrentar as novas ameaças.”

Esses desafios contrastam fortemente com o cenário pré-pandemia, quando as autoridades lutavam contra o lento crescimento dos preços ao consumidor que ficou muito aquém de sua meta – uma situação que pesquisadores do BCE atribuem a crises passadas, demografia, globalização e digitalização.

A reviravolta foi dramática. A inflação agora ultrapassa 8%, impulsionada pelos custos de energia e problemas logísticos.

Mesmo quando esses problemas forem superados, é improvável que a “dinâmica desinflacionária da última década retorne”, segundo Lagarde.

Economistas pesquisados pela Bloomberg veem a projeção de inflação para 2024 chegando a 2%. Isso satisfaria a exigência do BCE de que o crescimento dos preços não apenas acelere por um breve período, mas permaneça elevado no médio prazo para justificar alta de juros.

O resultado será o primeiro aumento da taxa básica em mais de uma década em julho, depois que a compra líquida de títulos for reduzida.

A questão é quanto, em um debate vigoroso no Conselho do BCE, onde alguns querem um aumento de 0,5 ponto percentual.

As apostas do mercado monetário na terça-feira atribuíam uma chance de 50% para uma alta desse tamanho em 21 de julho.

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